sexta-feira, 21 de novembro de 2014

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 23 DE NOVEMBRO DE 2014

AUTORREALIZAÇÃO DO ADOLESCENTE ATRAVÉS DO AMOR

O  amor  é  sempre  o  alimento  essencial  da  vida.  Em  todos  os  períodos  da existência física e espiritual da criatura humana, constitui o estímulo e a sustentação dos objetivos  enobrecedores,  facultando  alegria  e  propondo  metas  elevadas  para  serem alcançadas.
 Na infância e na adolescência, representa o mais valioso veículo de auxílio ao desenvolvimento do ser em formação. O seu poderoso elã dá à vida significado e, nesse período  inicial  da  existência  planetária,  é  responsável  pelo  equilíbrio  do desenvolvimento emocional e vital.
Embora se saiba que num corpo jovem encontra‐se um Espírito amadurecido ou  iniciante  nas  atividades  da  evolução,  em  cada  reencarnação  o  adormecimento  das suas potencialidades psíquicas e emocionais faculta‐lhe o desabrochar do Deus interno que  nele  jaz,  bem  como  dos  inesgotáveis  recursos  que  procedem  do  Criador  e  devem encontrar campo para desenvolvimento.
Graças  ao  amor  presente  ou  ausente  na  infância  e  na  juventude,  os  futuros cidadãos  responderão  aos  desafios  existenciais,  tornando‐se  construtores  do  bem  ou perturbadores  da  ordem,  porquanto  o  caráter  é  construído  com  a  afetividade  que amadurece, auxiliando a área do discernimento intelectual para o que é certo, deixando à margem o que é incorreto. Essa capacidade de distinguir o que se deve ou não fazer, é decorrência natural da capacidade intelecto‐moral. A mente apresenta os opostos e os define, mas o sentimento elege aquele ideal que deve ser vivenciado. Portanto, o amor é força dinâmica da vida a serviço do equilíbrio universal, e não terá sido por outra razão que o Apóstolo João afirmou que Deus é amor.
Quando  se  ama,  adquire‐se  compreensão  da  vida  e  se  amadurece, desenvolvendo o sentido de crescimento fraternal e de solidariedade. Quando porém se deseja  ser  amado  apenas,  então  se  permanece  em  infância  espiritual,  com  atraso psicológico  na  área  da  emoção,  que  não  discerne  os  deveres  a  serem  atendidos, exigindo‐se direitos aos quais não faz jus. A experiência, portanto, do amor, é relevante no processo da evolução de todos os seres, especialmente o humano. O amor aquece o coração  e  enriquece  a  vida,  favorecendo  com  uma  visão  otimista,  que  transforma  o deserto em jardim e o pântano em pomar.
O  adolescente  sabe  receber  o  amor,  no  entanto,  pela  falta  natural  de amadurecimento  emocional,  nem  sempre  sabe  direcioná‐lo,  mesmo  que  o  sinta,  em razão  da  dificuldade  de  distinguir  o  que  se  trata  de  sensação,  de  desejo  sexual,  de admiração  e  arrebatamento,  do  verdadeiro  sentimento  de  afetividade  sem  exigência, sem agradecimento, sem dependência.
Não  é  uma  peculiaridade  apenas  do  jovem,  mas  de  muitas  criaturas  que avançaram na faixa etária, mas não saíram da infância emocional.
Lentamente,  os  sentimentos  se  vão  definindo  no  adolescente  e  ele  passa, através  da  socialização,  a  perceber  o  que  lhe  agrada  aos  sentidos  e  aquilo  que  lhe embeleza a emoção, dando‐lhe firmeza nas decisões,  interesse nas definições e eleição nos postulados que abraça, incluindo as pessoas que o cercam, que constituem os grupos nos quais se movimenta.
Há  inúmeras  motivações  para  o  amor,  que  atraem  o  jovem  necessitado  de compreensão e de paciência, até o momento em que possa definir os rumos e atividades a desenvolver, de forma a fixar as propostas do sentimento no íntimo, sem perturbação nem ansiedade.
Os exemplos de abnegação na família, de desinteresse imediato quando se ama, de dedicação aos valores de enobrecimento, aos esforços pela conquista dos patamares elevados da  nobreza e  do  caráter,  constituem emulação para o  jovem resolver‐se  pela faculdade de amar, ao invés de hipertrofiar esse sentimento nas baixas aspirações dos desejos infrenes e apaixonados que geram dificuldades e escravidão. O  adolescente  tem  necessidade  de  ser  aceito  pelo  grupo  de  companheiros, falar‐lhe o mesmo idioma, adotar os mesmos hábitos, participar dos mesmos desportos, empreender as mesmas marchas, partilhar os mesmos valores, as metas idênticas. Esse apelo surge naturalmente e ele é impelido ao meio social quase que por instinto. Se for seguro  emocionalmente,  terá  facilidade  de  adaptação  sem  que  sofra  a  influência determinante  do  conjunto,  podendo  selecionar  aquilo  que  lhe  interessa,  deixando  de lado  o  que  se  lhe  apresente como  destituído  de  valor. Se,  todavia,  sente‐se  desamado, preterido  no  lar,  prende‐se  ao  novo  clã,  assumindo  uma  identidade  desconfiada, agressiva e violenta. Noutras vezes, por timidez, pode evitar a socialização e afastar‐se, alienando‐se.

Quando vitalizado pelo amor da família, tem facilidade de exteriorizar o mesmo sentimento,  tornando‐se membro ativo e  de  significação  no  grupo,  face à empatia que desperta  e  provoca  nos  demais.  Nessa  fase,  surge‐lhe  o  que  se  denomina  estágio operacional formal, no qual começa a pensar abstratamente, a formular raciocínios em torno do que poderá ser, ao invés de apenas estar como se apresenta. Surge também o perigo do egocentrismo, quando o adolescente começa a contestar  os valores dos pais, da  família,  da  sociedade,  tornando‐se  crítico  contumaz  de  tudo  quanto  observa. Amadurecendo,  passa  para  o  desenvolvimento  cognitivo,  que  faculta  a  instalação  do amor, que definirá os rumos da sua identidade social e pessoal. O amor ajuda‐o a tornar‐se  independente  da  família,  isto  é,  a  ter  sua  própria  visão  do  mundo  e  dos  valores humanos,  a  conceituar  pessoas  e  regimes,  estabelecendo  as  próprias  diretrizes  de comportamento. Porque não se trata de um ato de rebeldia, mas de crescimento, o amor se lhe desenvolve enriquecedor, permitindo‐lhe a descoberta dos objetivos da vida e os meios  para alcançá‐los,  no  que  se empenha  com afã,  atendendo  aos estímulos  que  lhe brotam  do  mundo  interior,  das  tendências  que  o  acompanham  desde  a  reencarnação anterior,  impelindo‐o  para  o  triunfo  sobre  as  imperfeições  que  lhe  afeiam  a  conduta, enquanto descobre os altiplanos felizes do bem‐estar emocional, social e espiritual.
A carreira elegida passa a adquirir uma significação relevante, não importando se ela é representativa na sociedade ou não, valorizada pela dedicação a que se entrega, por  compreender  que  é  membro  ativo  do  conjunto  e  não  pode  falhar,  porque  isso implicaria em desorganização do meio onde vive.
Sentimentos  antes  não  experimentados  de  ternura  e  de  devoção  brotam  no adolescente,  que  se  sente  atraído  para  os  ideais  mais  expressivos  da  humanidade: política,  religião,  esportes,  ciência,  tecnologia,  artes...  E  ao  eleger  aquele  a  que  se  vai dedicar, o faz com ardor e motivação que o engrandecem, e o definem como um homem ou uma mulher de bem, candidatos ambos à renovação da sociedade.
A decisão do adolescente pelos propósitos de elevação da sociedade cria no seu grupo  de  companheiros  uma  aceitação  irrestrita,  porque  todos  preferem  aqueles  que são  alegres,  joviais,  cordatos,  idealistas,  que  ofereçam  alguma  contribuição  para  os demais,  o  que  somente  o  amor  pode  proporcionar.  As  dificuldades  no  relacionamento infantil  e  juvenil  propõem  cidadãos,  no  futuro,  inquietos,  delinquentes,  com  sérios distúrbios no ajustamento sexual e noutras formas de comportamento, como efeito da falta de amor neles mesmos e nos demais que os não atenderem convenientemente no lar, na escola, no clã de origem, em razão do seu temperamento instável e desagradável ou motivo outro qualquer...
O amor, na adolescência, é o grande definidor de rumos para toda a existência e o único tesouro que autoplenifica, autorrealiza, modelando uma vida saudável. 

Fonte: Franco, Divaldo P., pelo espírito Joana de Angelis. Adolescência e Vida. Disponível em  http://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/L102.pdf.