Texto que estudaremos no próximo domingo dia 26/02:
Tema: O AMOR FORMANDO AUTO-ESTIMA
“(...) Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” nos orienta Jesus, fornecendo a indicação precisa para o cultivo da auto-estima: o amor a si mesmo como uma condição para a doação ao próximo. Não podemos valorizar o outro se não temos conosco a experiência e a vivência do reconhecimento e da valorização pessoal. Em um outro momento, disse-nos Jesus: “Vós sois Luz do mundo, brilhe a vossa Luz”, recordando-nos a nossa origem divina e que somos Espíritos em processo evolutivo, capazes de atingir a perfeição. Devemos acreditar na imensa capacidade que temos de reagir e criar condições de aprimoramento. Convictos das nossas possibilidades de crescimento e conquistas pessoais, jamais permitiremos o cultivo arraigado da menor valia e o menosprezo para com nós mesmos. Temos como principal tarefa fazer a nossa luz brilhar, tornando-nos tudo aquilo de que somos potencialmente capazes. O conhecimento do Evangelho, no qual Jesus nos mostra a grandeza da espiritualidade de que somos portadores, faz-nos sentir aptos a amar.
Içami Tiba no seu excelente livro “Quem Ama Educa” nos oferece preciosos ensinamentos sobre a auto-estima e a participação do amor na sua formação:
“A auto-estima começa a se desenvolver numa pessoa quando ela é ainda um bebê. Os cuidados e os carinhos vão mostrando à criança que ela é amada e cuidada. Nesse começo de vida, ela está aprendendo como é o mundo a sua volta e, conforme se desenvolve, vai descobrindo seu valor a partir do valor que os outros lhe dão. É quando se forma a auto-estima essencial.
A auto-estima continua a se desenvolver conforme a pessoa se sente segura e capaz de realizar seus desejos e, futuramente, suas tarefas. É a auto-estima fundamental.
Para os pais, o amor incondicional que sentem pelos filhos está claro, mas para os filhos nem sempre esse amor é tão claro assim.
Toda criança se preocupa em agradar à mãe e ao pai e acredita que ao fazer isso estará garantindo o amor deles. Para ela, o sorriso de aprovação dos pais é amor, e a reprovação com um olhar sério ou uma bronca é não-amor.
É importante que fique claro para a criança que, mesmo que a mãe e o pai reprovem determinadas atitudes dela, o amor que sentem por ela não está em jogo”.
Para que a criança se sinta amada incondicionalmente, é necessário, acima de tudo, que seja respeitada.
Respeitar os filhos significa:
- Dar espaço para que tenham seus próprios sentimentos, sem por isso ser julgados, ajudando a expressá-los de maneira socialmente aceitável. Não é errado nem feio sentir raiva. O que pode ser reprovado é a expressão inadequada da raiva, como bater em alguém.
- Aceitá-los como são, mesmo que não correspondam às expectativas dos pais. Eles precisam ter os próprios sonhos, pois não nasceram para realizar os dos pais.
- Não os julgar por suas atitudes. Crianças erram muito, pois é assim que aprendem. Mãe e pai podem e devem julgar as atitudes, mas não os filhos. Se a atitude foi egoísta, o que deve ser mostrado é o egoísmo, mas não consagrá-lo dizendo “você é muito egoísta”. Frases do tipo “você é terrível” e “você não tem jeito mesmo” ensinam à criança que ela é egoísta, terrível e não tem jeito mesmo. Portanto, essas “qualificações” passam a ser sua identidade.
O respeito à criança lhe ensina que ela é amada não pelo que faz ou tem, mas pelo simples fato de existir. Sentindo-se amada, ela se sentirá segura para realizar seus desejos. Portanto, deixá-la tentar, errar sem ser julgada, ter seu próprio ritmo, descobrir coisas, permite à criança perceber que consegue realizar algumas conquistas. Falhar não significa uma catástrofe afetiva. Assim, a criança vai desenvolvendo a auto-estima, grande responsável por seu crescimento interno, e fortalecendo-se para ser feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades.
O que alimenta a auto-estima é sentir-se amado incondicionalmente e também o prazer que a criança sente de ser capaz de fazer alguma coisa que dependa só dela. Não o prazer ganho. O filho desenvolve a auto-estima quando brinca com o que ganhou, interage e cria novas brincadeiras; guarda o brinquedo dentro de si, sente sua falta e principalmente cuida dele. O brinquedo ganho adquire, então, significado para ele. Crianças que ganham uma infinidade de brinquedos que mal conseguem guardar não têm como desenvolver auto-estima suficiente para gerar felicidade.
O presente, para alimentar a auto-estima do filho, é aquele que o faz sentir merecedor. Sem dúvida, é muito prazeroso para os pais dar presentes que agradem aos filhos. Todos ficam contentes, os pais por darem e os filhos por receberem. Mas o princípio educativo é que os filhos sejam pessoas felizes, e não simplesmente alegres. A alegria é passageira e a capacidade de ser feliz deve pertencer ao filho. O prazer do “sim” é muito mais verdadeiro e construtivo quando existe o “não”.
Se uma criança é aprovada porque os pais contrataram para ela um professor particular, o mérito da aprovação é dos pais. O filho pode até sentir prazer por ter sido aprovado, mas no fundo sabe que o mérito não foi todo seu. Isso diminui sua auto-estima. Quando é aprovado porque estudou e se empenhou, sua auto-estima cresce. Ele adquire responsabilidade. A auto-estima é a fonte interior da felicidade.
Uma dica importante aos pais: quando proibirem alguma coisa ao filho, encontre outras que ele possa fazer. A simples proibição é paralisante. Educar é mobilizar a criatividade para o bem comum.
Em suma, é muito importante que os pais passem para os filhos a certeza de que eles são amados e capazes, possibilitando, assim, a segurança necessária de que precisarão para enfrentar os desafios evolutivos da presente encarnação.
A auto-estima deve ser solidificada ao longo da nossa existência, principalmente na infância. Para tanto, a nossa habilidade para a comunicação é muito importante e deve ser utilizada em plenitude, nos diálogos que mantemos com os filhos, nas instruções e nos exemplos que lhes transmitimos. Tudo, sempre, com um objetivo maior – Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Fonte de Pesquisa: Carneiro, Tânia Maria Farias e Barreto, Eryka Florenice Pinheiro (organizadoras). Guia Útil dos Pais – Uma Abordagem Educacional Espírita – 2ª Edição – Fortaleza – CE: Edições GEPE – Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004. (Área de Ensino).15 a 18p.
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