Texto que estudaremos no
próximo domingo dia 01/11/2015:
Tema: O
PERDÃO NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO ADOLESCENTE
Na transição da
adolescência, o jovem saudável é muito susceptível de mudança de comportamentos
e de atitudes mentais. Raramente as mágoas se lhe fazem profundas, produzindo
sulcos perturbadores que se transformam em conflitos para o futuro, porque tudo
parece acontecer com rapidez, cedendo, um fato, lugar a outro mais recente,
dessa forma, não se fixando muito as impressões negativas, exceto aquelas que se
repetem ou que lhe causam choque, estupor ou castração psicológica.
Desse modo, as ocorrências
desagradáveis podem ser superadas com relativa facilidade, desde que haja
substitutos para as mesmas, diminuindo as impressões de descontentamento e mal‐estar.
Formando a personalidade e
definindo‐se na eleição do que lhe
apraz aceitar ou rejeitar, o perdão assume um papel de importância no seu dia‐a‐dia, abrindo‐lhe possibilidades para os
relacionamentos felizes. Há, naturalmente, exceções, quando se trata de
personalidades psicopatas, temperamentos instáveis e vingativos, que acumulam o
resíduo do ressentimento ao invés de coletar as experiências positivas e substituir
aqueles outros que são de natureza desagradável.
O perdão aos erros alheios
representa começo de maturidade no jovem, que se
revela tolerante, compreensivo, dando aos outros o direito de
equivocar‐se e abrindo espaço para o
autoperdão. Mediante essa conduta se renova, não permanecendo em atitudes
depressivas após a constatação do erro, antes se dispondo a seguir em frente, superando
a situação infeliz e recuperando‐se ao primeiro ensejo. Com essa atitude, a vida adquire um sabor
agradável e as ocorrências passam a merecer a consideração produtiva, aquela
que soma recursos que podem ser aplicados em favor do bem comum.
É uma forma de superar os
melindres e complexos de inferioridade, porque o adolescente dá‐se conta do quanto é
importante a sua presença no mundo, pelo seu significado existencial, pelo que
pode realizar e pelo próprio sentido de sua vida.
Quando perdoa, despoja‐se de ondas perturbadoras
que lhe ameaçam a casa mental, ampliando a capacidade de amor sem exigência,
porque percebe que todas as pessoas se equivocam e são credoras de
entendimento, quanto ele próprio o é. Isso lhe proporciona uma empatia
favorável à existência terrestre, que perde as marcas agressivas que lhe
pareciam ameaçar, constatando a fragilidade humana, que lhe cumpre entender e
auxiliar a fortificar‐se..
É certamente uma lição preciosa
para o seu desenvolvimento afetivo, emocional e social. Desde que todas as
pessoas são dependentes umas das outras e cometem os mesmos erros com variação
de escala e de gravidade, compreende o desafio que é viver com equilíbrio,
intercambiando fraternidade, que constitui suporte de vitalidade. Ninguém que
viaje pelo rumo da existência terrestre sem o apoio das amizades, sem o
intercâmbio fraternal, que não tombe em terrível alienação.
Dessa forma, o perdão,
como fenômeno natural entre os indivíduos, fascina o jovem que desperta para a
existência adulta, descobrindo que a vida é enriquecedora e que errar é
experiência perfeitamente natural, porém levantar‐se do erro é compromisso que não pode ser adiado sob pretexto
algum. No entanto, para que a pessoa reconsidere a atitude e se erga do
deslize, é indispensável que lhe seja oferecida oportunidade, que se lhe
distenda a mão amiga sem recriminação ou qualquer outra exigência. Somente
assim a vida se torna digna de ser vivida com elevação.
A aprendizagem do perdão
pode ser comparada com a metodologia do ensino, aplicada no cotidiano. A pessoa
que se dispõe a aprender qualquer coisa é levada a errar, no começo, repetir a
tentativa até que as experiências se fixem no inconsciente e passem espontaneamente
à consciência, de onde se irradiam para os hábitos. Assim, também, as conquistas
morais, que são resultados de tentames ora com êxitos, ora com insucessos. O
erro de um momento ensina como não mais se deve proceder, dessa maneira adquirindo‐se o automatismo para agir
com correção.
Essa tarefa educadora é
reflexo do perdão que se dá e do que se recebe. Ninguém, no mundo, que não
necessite de oferecê‐lo, tanto quanto de recebê‐lo. Concedê‐lo, porém, é sempre melhor, porque expressa enriquecimento
interior e disposição de auxiliar crescendo, enquanto consegui‐lo traduz equívoco que
poderia ser evitado. A aprendizagem, todavia, em qualquer circunstância,
oferece valioso contributo para uma existência tranquila.
Todas as criaturas
necessitam pensar profundamente no perdão. Quando alguém é ofendido, o seu
agressor tomba em nível vibratório e a vítima prossegue no padrão em que se
encontra. Se reage, devolvendo o insulto, a agressão, igualmente, desce à
condição de inferioridade; se permanece em tranquilidade, demora‐se no mesmo patamar.
Entretanto, quando perdoa, ascende e localiza‐se emocional e psiquicamente em situação melhor do que o seu
opositor. Não foi por outra razão que Jesus, como Psicoterapeuta Invulgar,
proclamou a necessidade do perdão como condição de plenitude para o ser.
O adolescente,
descomprometido com ressentimentos anteriores, aberto às novas lições da vida,
sempre encontrará, no ato de perdoar, uma forma de realizar‐se, preenchendo os vazios
do sentimento e superando as constrições de uma família problema, um lar
difícil, circunstâncias perturbadoras que passam a dar significado diferente à
sua existência, liberando‐o das reminiscências amargas e dos traumas que, por acaso, teimem
por permanecer‐lhe no ser.
Essa atitude de perdoar é
resultado também de exercícios. Ao analisar a situação do agressor,
compreendendo que ele se encontra infeliz e exterioriza essa situação mediante
a agressividade, torna mais fácil a atitude da desculpa, que se encoraja em
olvidar a ofensa, perdoar sinceramente. Inicia‐se nas pequenas conjunturas desagradáveis que vão sendo
ultrapassadas sem vínculos de mágoas, na necessidade pessoal também de ser
compreendido, e, portanto, perdoado, criando um clima de legítima fraternidade
que permite ao outro ser aceito conforme se apresenta, entendendo‐lhe as dificuldades de
amadurecimento e de atitude, dessa forma ajudando-o sem impor‐lhe percalços pelo
caminho.
O verdadeiro e compensador
período da adolescência é aquele que guarda melhores recordações, responsáveis
pela estruturação do caráter e da personalidade, devendo ser a fase na qual
ocorrem as expressões de amadurecimento psicológico, superando a criança
caprichosa que não sabe desculpar e abrindo campo para o desenvolvimento do
indivíduo compassivo e fraterno, que está disposto a contribuir com valiosos
tesouros para a dignificação humana.
Quando se ama, portanto, o
perdão é um fenômeno natural, que se exterioriza como consequência da atitude
aberta de aceitar o próximo na condição em que se apresenta, porém, exigir‐se ser melhor cada dia, e
mais nobre em cada oportunidade que surge.
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