quinta-feira, 6 de junho de 2013

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 09 DE JUNHO DE 2013

OS PERIGOS DAS PROJEÇÕES

As principais causas que levam uma criança ou um adolescente à psicoterapia são a excessiva proteção ou a rejeição praticadas no ambiente familiar. Ambas afetam a sua auto-estima, gerando transtornos tanto para pais quanto para filhos. Geralmente, a rejeição ou a superproteção estão relacionadas a um processo projetivo (ato de atribuir a uma pessoa, animal ou objeto as qualidades, sentimentos ou intenções que se originam em si próprio) originando em um ou ambos os pais, cujas causas, transcendendo as fundamentadas na teoria psicanalítica, podem estar relacionadas a conteúdos inconscientes adquiridos ao longo das encarnações.  
O que tentamos focalizar aqui, é que, com freqüência, a criança ou adolescente podem não ser a causa mas a conseqüência de uma problemática familiar ou individual mais profunda e, por parecer mais vulnerável, pode tornar-se vítima de um problema que conscientemente não gerou. O mesmo raciocínio pode também ser aplicado em processos obsessivos infantis, apesar de não ser este o nosso objeto de estudo.
Pretendemos, pois, abordar aqui, alguns sentimentos ou condutas apresentadas por um ou ambos os pais que podem ser o gerador de conflitos de seus filhos. Falaremos de forma sucinta sobre cada um deles, que, dependendo do caso podem aparecer individual ou simultaneamente nas inter-relações familiares.
Mudança de Status: Refere-se ao medo de perda da importância ou do amor dos filhos. É preciso compreender de antemão que tudo muda, inclusive a visão de nossos filhos sobre nós, além de seus sentimentos. O que na deve mudar é o respeito. Nunca seremos os eternos heróis, exemplos ou modelos de nossos filhos. Precisamos respeitar e até incentivar, de maneira desprendida, a sua liberdade de escolha e de sentimentos. Haverá momentos em que nossas crianças crescerão, deverão assumir as rédeas do seu destino e passarão a incorporar novos valores, afetos, e planos sem que necessariamente estejamos incluídos neles. Lembre-se que mais do que amigo(a), você já é mãe ou pai de seu filho e esse papel é único, privilegiado e intransferível! Amar, lembre-se, é tornar o Outro independente. Isso denota maturidade e amor verdadeiro. Procure solidificar sua autoconfiança. Ame-se, abasteça-se com suas próprias alternativas de felicidade, para não delegar ao Outro a responsabilidade de fazê-lo(la) feliz. Isso é puro egoísmo.
Sacrifício: O sacrifício é decorrente de um processo masoquista e ocorre com pessoas que não pesam responsavelmente suas escolhas. Ter filho não é “padecer no paraíso”, não é uma cruz a ser carregada, é simplesmente o resultado de uma escolha que nos foi permitida para possibilitar o nosso crescimento evolutivo e o de outro Ser. Precisamos acabar com a idéia de utilizarmos o sofrimento como remissão de nossa culpa. Ele é apenas o resultado de erros de percurso e que nos sinalizam para o caminho reto. Outra coisa a lembrar: todo sacrifício subtende uma troca (na cabeça do que se sacrifica) isso é, novamente, egoísmo. “Quando temos um filho é para ter o prazer dessa experiência inigualável, e esse prazer – devemos saber de antemão – não sai de graça. Nem financeira nem afetivamente.” Amor dado não é amor cobrado, senão não é amor. Procure autosustentação afetiva.
Inveja: A inveja tem, como origem, a antigas frustrações e fracassos não resolvidos e interiorizados. Pode parecer cruel mas, queiramos ou não, podemos invejar nossos filhos na sua juventude beleza, energia e habilidades que podem ser até bem maiores que as nossas. Precisamos perceber as pessoas com as quais convivemos como seres em diferentes níveis de evolução e objetivos. A harmonia nas relações sociais somente se dará quando conseguirmos aprender a conviver com as diferenças. Evite entrar em guerra de poder com o seu filho, onde a crítica, e o cerceamento de liberdade são as mais contundentes provas de inveja. Muitas vezes, também, projetamos nas nossas relações incômodo, da crítica ou maledicência para com o comportamento alheio, o que não implica em inveja, mas no espelhamento daquilo o que vemos no Outro e que rejeitamos em nós, mas não conseguimos nos conscientizar ou mudar. Por exemplo, uma pessoa autoritária não suporta conviver cm outra, por, apesar de não reconhecerem, serem iguais.
O ciúme: De origem semelhante à inveja, o ciúme atinge geralmente todo alvo de desejo de nossos filhos que não sejamos nós. Como na inveja, é necessário respeitar e reconhecer as vontades, escolhas e diferenças do Outro. Precisamos amadurecer e procurar autoconfiança suficiente para não sufocar nossos filhos e roubar-lhes o sentido da vida. Com bastante critério e isenção devemos avaliar se o nosso objeto de preocupação (ciúme) justifica e traduz um perigo real ou é mero resultado de projeções pessoais.
A ansiedade: A ansiedade é um sentimento difuso que provem do medo da desagregação, da perda, principalmente afetiva. É natural e até necessário preocupar-se com os filhos e temer por sua saúde, segurança, formação de caráter, etc. O problema reside nos excessos. Precisamos analisar se não estamos exagerando nessa dosagem de cuidados e afetos. Muitas vezes transferimos para as nossas crianças os medos e receios de nossa criança interior; no fundo, não é ao nosso filho que visamos proteger, mas a nós mesmos.
O perfeccionismo: Oculta uma necessidade de aceitação e medo de rejeição. O perfeccionista sofre e faz sofrer quem com ele convive. Ele geralmente assemelha-se ao ansioso no tocante aos cuidados excessivos, só que o ansioso não sabe quem ou o que teme. O perfeccionista tem a desaprovação alheia, o que o induz ao autoritarismo, orgulho e vaidade. O perfeccionismo geralmente é crítico e vive em um mundo irreal, que não pode ser desestruturado. Geralmente inautêntico, impede a espontaneidade dos filhos visando a aprovação pública através de uma conduta perfeita, tornando-os submissos, pouco originais e acomodados. Os excessos com limpeza, organização, alimentação, bons-modos, contenção de sentimentos e emoções não revelam desvelo e competência, mas uma necessidade narcísica de aprovação e elevação social, bem como um intenso medo de enfrentar suas próprias limitações e desconhecimento de suas reais possibilidades.
Repressão/Agressividade: Toda repressão é uma forma de agressividade na medida em que impede o livre fluir do Outro. Não se prega aqui a liberação de instintos, mas a sua educação e transformação em energias mais nobres. Devemos incentivar a busca da autenticidade de nossos filhos para que tornem-se mais conscientes de suas necessidades e possibilidades evolutivas.
Egoísmo: É o provedor e mantenedor de todas as demais projeções. É o que destitui da maternidade ou paternidade a sua essência divina. Ter filhos, enfim, não é padecer no paraíso mas ter o paraíso dentro de si. Cultive a simplicidade, o bom humor, a paciência e o equilíbrio. Perdoe-se, cresça e permita o mesmo às pessoas á sua volta.

Lembremo-nos que todas as nossas atitudes e sentimentos refletir-se-ão com uma grande intensidade na vida de nossos filhos, reforçando desequilíbrios ou desenvolvendo virtudes, dependendo de um encaminhamento saudável ou não. Por imitação ou oposição nosso exemplo será referência para o que nossos filhos se tornarão como pais e cidadãos do mundo. Não veja para crer. Creia para ver.



Fonte: BARRRETO, E. F. P.; CARNEIRO, T. M. F. (organizadoras) Guia útil dos pais: Uma Abordagem Educacional Espírita. 2ª Edição – Fortaleza – CE: Edições GEPE – Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004.

Um comentário:

Anônimo disse...

Uma reflexão importante para que não deixemos de herança para os nossos filhos as nossas feridas espirituais.
Paz e bem
Dário