Desde os tempos mais remotos, encontramos referências à influência exercida pelos Espíritos sobre os homens.
Na antiga Grécia, situavam-se como deuses que interferiam no destino humano, de conformidade com seus humores.
Na Idade Média, consagrou-se a idéia do demônio, filho rebelde de Deus, especializado em induzir suas vítimas à perdição.
A Doutrina Espírita, descerrando a cortina que separa a Terra do Além, demonstra que são simplesmente as almas dos mortos, ou homens desencarnados, agindo de conformidade com suas tendências e desejos.
Como o Plano Espiritual é apenas uma projeção do plano físico, muitos deles permanecem junto a nós, envolvendo-nos com seus pensamentos, idéias e sensações.
Na questão 459, de O Livro dos Espíritos, o mentor espiritual informa que essa influência é tão acentuada que, não raro, eles nos dirigem.
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Muitos procuram os Centros Espíritas, informados de que seus males físicos ou psíquicos, que resistem a tratamento médico, podem guardar relação com esse assédio.
Está certo, mas há um detalhe:
Os casos mais graves, em que temos a presença de Espíritos rebeldes e agressivos que intentam vingar-se de passadas ofensas, desta ou de outras vidas, não são os mais freqüentes.
Em sua maioria, sofrem a pressão de Espíritos presos ao imediatismo terrestre. Experimentam o que chamaríamos adensamento do corpo espiritual, o perispírito, que os leva a viver como se fossem seres humanos, experimentando as mesmas necessidades, relacionadas com alimentação, abrigo, sexo, vícios...
Seu contato conosco lembra a simbiose que se estabelece quando determinada planta entranha-se numa árvore, valendo-se de seus elementos nutritivos.
Raras pessoas escapam a essa ligação, que obedece às tendências de cada um, estabelecendo sintonia.
Geralmente, não querem nos prejudicar.
A expressão mais correta seria explorar.
Exploram nosso psiquismo, servem-se dos fluidos densos que lhes possamos oferecer.
Essa pressão nos perturba, porquanto colhemos seus pensamentos desajustados, suas ansiedades e inquietações. E nos exaure psiquicamente, já que agem como autênticas sanguessugas espirituais.
A partir daí, sentimo-nos enfraquecidos, com males renitentes que resistem a todos os tratamentos.
Há, ainda, o grave problema dos viciados do Além. Estes nos induzem ao fumo, ao álcool, às drogas, a fim de que, em associação psíquica, experimentem a satisfação desejada.
É como um transe mediúnico às avessas. Ao invés do médium captar suas impressões, eles captam as sensações do “médium”.
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Jesus teve freqüentes contatos com esses Espíritos, chamados, por seus contemporâneos, imundos, impuros, maus, demoníacos…
Sempre os afastava. E antecipava o conhecimento espírita a respeito do assunto, dizendo, textualmente:
Quando o Espírito impuro tem saído dum homem, anda por lugares áridos, procurando repouso; não o encontrando, diz: “Voltarei para minha casa, donde saí.”
E, ao chegar, acha-a desocupada, varrida e adornada.
Então, ele vai e leva consigo mais sete Espíritos piores do que ele, e ali entram e habitam.
O último estado daquele homem fica sendo pior que o primeiro.
Jesus situa a mente humana como uma residência, habitada pelos pensamentos.
Sua organização e disposição interna dependem do proprietário – a vontade.
- Casa escura.
Idéias negativas:
– Ninguém me ama!
– Nada dá certo em minha vida!
– Quero morrer!
- Casa mal-arrumada.
Indisposição para concentrar-se:
– Não estou entendendo nada…
– Odeio ler!
– A palestra dá-me sono.
- Casa vazia.
Ausência de ideais:
– Tenho alergia pela palavra ajudar!
– Cada um por si e Deus por todos!
– Quero mais é gozar a vida!
- Casa arejada.
Exercício de compreensão:
– Não há o que perdoar.
– Conte comigo!
– Tudo bem! Conversando a gente se entende.
- Casa arrumada.
Pensamentos positivos:
– Tristeza não paga dívida!
– No fim sempre dá certo!
– Estou feliz com seu sucesso!
- Casa iluminada.
Presença da oração:
– Senhor, seja feita a Tua vontade…
– Não me deixes cair em tentação…
– Livra-me do mal…
Poderíamos efetuar várias outras comparações, situando uma casa mental bonita ou feia, grande ou pequena, luminosa ou trevosa, fechada ou aberta, de conformidade com nossos pensamentos e as tendências que cultivamos.
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Por que os Espíritos entram em nossa casa mental e ali se aboletam, a nos explorar e influenciar?
Podemos responder com aquela velha brincadeira:
– Por que o cachorro entra na igreja?
– Porque a porta está aberta.
Assim acontece em relação aos Espíritos que nos influenciam.
Aproximam-se, envolvem-nos, entram em nossa casa mental, porque está aberta, porque não temos defesas espirituais.
Falta-nos a disciplina mental, fruto da reflexão, do estudo, da meditação e, sobretudo, um roteiro de vida voltado para a vivência dos princípios religiosos.
No Centro Espírita, o obsidiado submete-se ao tratamento espiritual e recebe ajuda dos benfeitores, o que favorece o afastamento das entidades perturbadoras.
Todavia, não basta afastar o malfeitor. É preciso que aprendamos a nos defender, porquanto pode ser que ele resolva voltar e venha acompanhado de outros iguais a ele ou piores, produzindo estrago maior.
É a esse tipo de problema que Jesus se refere ao advertir quanto à recaída, nos processos obsessivos.
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A solução é tão óbvia quando a questão do cachorro que entra na igreja.
Para que o Espírito não torne a invadir nossa casa mental é preciso fechar a porta, mudando a postura diante da Vida.
Sempre oportuno reiterar que Espíritos perturbadores só conseguem nos envolver a partir de nossas cogitações íntimas.
Na questão 469, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta aos mentores espirituais como podemos neutralizar essa influência.
A resposta é bastante elucidativa:
Praticando o Bem e pondo em Deus a nossa confiança…
Quem cumpre essa orientação jamais resvala para o desânimo, a tristeza, a angústia, o medo, portas que se abrem à ação das sombras.
Consideremos, entretanto, que não se trata de um comportamento para determinadas situações, mas de uma atitude perante a Vida.
É preciso um empenho permanente, no sentido de instalarmos, em definitivo, em nossa casa mental, as defesas evangélicas, a fim de que jamais seja invadida por desocupados, viciados ou malfeitores do Além.
Enviado por Leo Mendes