sexta-feira, 28 de março de 2014

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 30 DE MARÇO DE 2014

BEM E MAL SOFRER

18. Quando o Cristo disse: "Bem-aventurados os aflitos, o reino dos céus lhes
 pertence", não se referia de modo geral aos que sofrem, visto que sofrem todos os que se encontram na Terra, quer ocupem tronos, quer jazam sobre a palha. Mas, ah! poucos sofrem bem; poucos compreendem que somente as provas bem suportadas podem conduzi-los ao reino de Deus. O desânimo é uma falta. Deus vos recusa consolações, desde que vos falte coragem. A prece é um apoio para a alma; contudo, não basta: é preciso tenha por base uma fé viva na bondade de Deus. Ele já muitas vezes vos disse que não coloca fardos pesados em ombros fracos. O fardo é proporcionado às forças, como a recompensa o será à resignação e à  coragem. Mais opulenta será a recompensa, do que penosa a aflição. Cumpre, porém, merecê- la, e é para isso que a vida se apresenta cheia de tribulações.
 O militar que não é mandado para as linhas de fogo fica descontente, porque o
 repouso no campo nenhuma ascensão de posto lhe faculta. Sede, pois, como o militar e não desejeis um repouso em que o vosso corpo se enervaria e se entorpeceria a vossa alma. Alegrai-vos, quando Deus vos enviar para a luta. Não consiste esta no fogo da batalha, mas nos amargores da vida, onde, às vezes, de mais coragem se há mister do que  num combate sangrento, porquanto não é raro que aquele que se mantém firme em presença do inimigo fraqueje nas tenazes de uma pena moral. Nenhuma recompensa obtém o homem por essa espécie de coragem; mas, Deus lhe reserva palmas de vitória e uma situação gloriosa.
 Quando vos advenha uma causa de sofrimento ou de contrariedade, sobreponde-vos a ela, e, quando houverdes conseguido dominar os ímpetos da impaciência, da cólera, ou do
 desespero, dizei, de vós para convosco, cheio de justa satisfação: "Fui o mais forte."
Bem-aventurados os aflitos pode então traduzir-se assim: Bem-aventurados os que
 têm ocasião de provar sua fé, sua firmeza, sua perseverança e sua submissão à vontade de Deus, porque terão centuplicada a alegria que lhes falta na Terra, porque depois do labor virá o repouso. - Lacordaire. (Havre, 1863.)

Kardec, Por Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Disponível em http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/es/index.html.

sexta-feira, 21 de março de 2014

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 24 DE MARÇO DE 2014

ADOLESCÊNCIA: FASE DE TRANSIÇÃO E DE CONFLITOS


A  adolescência  é  o  período  próprio  do  desenvolvimento  físico  e  psicológico, que se inicia aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e aos doze anos para as moças,  prolongando‐se,  até  aos  vinte  e  dezoito  anos,  respectivamente,  nos  países  de clima frio, sendo que nos trópicos há uma variação para mais cedo. 
Nessa  fase,  há  um  desdobramento  dos  órgãos  secundários  do  sexo,  dando surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o espermatozoide no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam alterações na voz, enquanto as moças  apresentam  desenvolvimento  dos  ossos  da  bacia,  dos  seios,  o  que  ocorre  com certa rapidez, normalmente acompanhados pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e dos conflitos na área do comportamento, como insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade,  angústia,  facultando  o  espaço  para  desenvolvimento  e  definição  da personalidade, aparecimento das tendências e das vocações.
Completando a reencarnação, o adolescente passa a viver  a experiência nova, definindo  os rumos  do  comportamento  que  o  tempo amadurecerá  através  da  vivência dos novos desafios.
Inadaptado ao novo meio social no qual se movimentará, sofre o conflito de não ser mais criança, encontrando‐se, no entanto, sem estrutura organizada para os jogos da idade adulta.  É,  portanto,  o  período  intermediário  entre  as  duas  fases  importantes  da existência  terrena,  que  se  encarrega  de  preparar  o  ser  para  as  atividades  existenciais mais profundas.
Inseguro,  quanto  aos  rumos  do  futuro,  o  jovem  enfrenta  o  mundo  que  lhe parece hostil, refugiando‐se na timidez ou expandindo o temperamento, conforme sejam as circunstâncias nas quais se apresentem as propostas de vida.
As bases de sustentação familiar, religiosa e social, sentem‐lhe os embates dos desafios  que  enfrenta,  pois  relaciona  tudo  quanto  aprendeu  com  o  que  encontra  pela frente.
Não  possuindo  a  maturidade  do  discernimento,  e  fascinado pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um para outro momento, atira‐se com sofreguidão aos  prazeres  novos  sem  dar‐se  conta dos  comprometimentos que  passa a firmar, entregando‐se às sensações que lhe tomam todo o corpo.
Outras vezes, vitimado por conflitos naturais que surgem da incerteza de como comportar‐se,  refugia‐se  no  medo  de  assumir  responsabilidades  decorrentes  das  atitudes  e  faz  quadros  psicopatológicos,  como  depressão,  melancolia,  irritabilidade,  escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
Nos dias atuais as licenças morais são muito agressivas,  convidando o jovem,  ainda inadequado para os jogos velozes do prazer, a lances audaciosos na área do sexo, que  parece  constituir‐lhe  a  meta  prioritária  em  que  chafurda  até  o  cansaço,  dando surgimento  à  usança  de  recursos  escapistas,  que  não  atendem  às  necessidades presentes, antes mais o perturbam, comprometendo‐o de maneira lamentável.
Nesse  período,  o  corpo  adolescente  é  um  laboratório  de  hormônios  que trabalham em favor das definições orgânicas, ao tempo em que o psiquismo se adapta às novas  formulações,  passando  um  período  de  ajustamento  que  deve  facultar  o amadurecimento dos valores éticos e comportamentais.
Como  é  compreensível,  a  escala  de  valorização  da  vida  se  modifica  ante  o mundo  estranho  e  atraente  que  ele  descortina,  contestando  tudo  quanto  antes  lhe constituía segurança e estabilidade.
Os  novos  painéis  apresentam‐lhe  cores  deslumbrantes,  e  não  encontrando conveniente  orientação,  educação  consistente,  firmadas  no  entendimento  das  suas necessidades,  contesta  e  agride  os  valores  convencionais,  elaborando  um  quadro compatível com o seu conceito,  no qual passa a comprazer‐se, ignorando os cânones e paradigmas  nos  quais  se  baseiam  os  grupos  sociais,  que  perdem,  para  ele, momentaneamente, o significado.
A  velocidade  da  telecomunicação,  a  diminuição  das  distâncias  através  dos recursos da mídia, da computação, das viagens aéreas, amedrontam os caracteres mais frágeis,  enquanto  estimulam  os  mais  audaciosos,  propondo‐lhes  o  descobrimento  do mundo e o sorver de todos os prazeres quase que de um só gole. 
Os esportes, que se perdem num incontável número de propostas, chamam‐no, e os  outros  deveres,  aqueles  que  dizem  respeito  à  cultura  intelectual,  à  vivência religiosa,  ao  comportamento ético‐moral,  porque  exigem  sacrifícios mais  demorados e respostas mais lentas, ficam à margem, quase sempre desprezados, em favor dos outros esforços que gratificam de imediato, ensoberbecendo o ego e exibindo a personalidade. O  culto  do  corpo,  nos  campeonatos  de  glorificação  das  formas,  agrada, elaborando programas, às vezes de sacrifício inútil, em razão da própria fragilidade de que se reveste a matéria na sua transitoriedade orgânica e constitucional.
A  música alucinante e  as  danças  de exalçamento da  sensualidade  levam‐no à ardência sexual, sem que tenha resistência para os embates do gozo, que exige novas e diferentes formas de prazer em constante exaltação dos sentidos.
A  moderação  cede  lugar  ao  excesso  e  o  equilíbrio  passa  a  plano  secundário, porque  o  jovem,  nesse  momento,  receia  perder  as  facilidades  que  se  multiplicam  e  o exaurem, sem dar‐se conta das finalidades reais da existência física.
O  Espiritismo  oferece  ao  jovem  um  projeto  ideal  de  vida,  explicando‐lhe  o objetivo  real  da  existência  na  qual  se  encontra  mergulhado,  ora  vivendo  no  corpo  e, depois,  fora  dele,  como  um  todo  que  não  pode  ser  dissociado  somente  porque  se apresenta em etapas diferentes. Explica‐lhe que o Espírito é imortal e a viagem orgânica constitui‐lhe  recurso  precioso  de  valorização  do  processo  iluminativo,  libertador  e prazenteiro.  Elucidando‐o,  quanto  ao  investimento  que  a  todos  é  exigido,  desperta‐o para a semeadura por intermédio do estudo, do exercício da aprendizagem, do equilíbrio moral  pela  disciplina  mental  e  ação  correta,  a  fim  de  poder  colher  por  longos,  senão todos  os  anos  da  jornada  carnal,  os  resultados  formosos,  que  são  decorrentes  do empenho pela própria dignificação.
Os  pais  e  os  educadores  são  convidados,  nessa  fase  da  vida  juvenil,  a caminharem  ao  lado  do  educando,  dialogando  e  compreendendo‐lhe  as  aspirações, porém  exercendo  uma  postura  moral  que  infunda  respeito  e  intimidade,  ao  mesmo tempo  fortalecendo a coragem  e ajudando  nos  desafios que  são  propostos,  para  que  o mesmo se sinta confiante para prosseguir avançando com segurança no rumo do futuro.
São  muito  importantes  essas  condutas  dos  adultos,  que,  mesmo  sem  o desejarem,  servem  de  modelos  para  os  aprendizes  que  transitam  na  adolescência, porquanto  os  hábitos  que  se  arraigarem  permanecerão  como  definidores  do comportamento para toda a existência física.
O amor, na sua abrangência total, será sempre o grande educador, que possui os  melhores  métodos  para  atender  a  busca  do  jovem,  oferecendo‐lhe  os  seguros mecanismos  que  facilitam  o  êxito  nos  empreendimentos  encetados,  assim  como  nos porvindouros.
Continência  moral,  comedimento  de  atitudes  constituem  preparativos indispensáveis para a formação da personalidade e do caráter do jovem, nesse período de  claro‐escuro  discernimento,  para  o  triunfo  sobre  si  mesmo  e  sobre  as  dificuldades que enfrentam todas as criaturas, durante a marcha física na Terra.

Fonte: Franco, Divaldo P., pelo espírito Joana de Angelis. Adolescência e Vida. Disponível em  http://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/L102.pdf.

domingo, 16 de março de 2014

SEU WANDERLEY, NOSSA GRATIDÃO PELO EXEMPLO, ENSINO E PRÁTICA DO BEM.

“Chuva, trovão e corisco,
Mata verde e rio cheio
Vamos ter porque eu creio
Em Deus e em São Francisco.
O Orós chega no risco
Do cume do paredão,
Vai encher o Castanhão,
Roncar forte a cachoeira,
E até Wanderley Pereira
Vai voltar para o Sertão.” 




sexta-feira, 14 de março de 2014

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 16 DE MARÇO DE 2013

BABÁ ELETRÔNICA (TELEVISÃO)

Joamar Nazareth, no livro Um Desfio chamado família, nos alerta: “A TV exerce grande influência nas pessoas, com maior intensidade em crianças e jovens. São eles os mais atingidos pelo poder de influenciação deste meio de comunicação. Seus valores, hábitos, personalidade, maneira de se vestir, falar, conviver com os demais, etc. são mais fortemente inspirados no mundo padronizado pela programação da TV.
Nossos filhos, hoje, em sua maioria, passam mais tempo diante da TV do que em salas de aula, em templos religiosos, em momentos de diálogo com os pais ou em outras atividades sociais/educacionais sadias. Mais adiante complementa: “Não podemos esquecer que a criança é um espírito milenar reencarnado, tendo na infância a fase de adaptação e preparação para suas tarefas a serem cumpridas na jornada terrena.
Com a enxurrada de informações e situações veiculadas, o espírito é estimulado a despertar, mais cedo, velhos hábitos e vícios que ele deveria enfrentar mais tarde, após a infância”.
Outra questão preocupante é a quantidade de horas que a criança fica diante da televisão. Numa pesquisa realizada nos Estados Unidos, foi comprovado que as crianças americanas assistem à TV durante três horas e meia por dia, enquanto que no Brasil os estudiosos mensuraram que nossas crianças ficam diante da televisão durante cinco horas e trinta minutos por dia. As crianças mais inteligentes são as que correm mais risco de se tornarem teledependentes, devido seu alto grau de concentração e assimilação. A mesma pesquisa nos fornece um dado mais assustador: que quando as crianças de hoje atingirem os doze anos de idade, terão assistido entre 250 e 500 mil propagandas (manipulando e ludibriando as crianças, levando-as ao consumismo em excesso e indiscriminado) e terão acompanhado por nossas TV’s ao número gigantesco de 20.000 assassinatos – o que certamente os levará na fase adulta a acharem que “matar é normal”.
Toda criança na faixa etária entre 2 e 5 anos necessita sentir através do tato tudo que lhe cerca, e ao tocar verbaliza suas sensações; enquanto que diante da TV é evidente que a criança escuta, vê, mas não toca; passando então a sentir-se dentro da televisão, transporta-se para o mundo da TV – mundo de magia e fantasia, onde seus heróis televisivos não interagem com ela e associa que da mesma forma no mundo real as pessoas que a cercam não se “importam” com ela, gerando isolamento e comportamento de exclusão automáticos.
Um psiquiatra americano com vários livros publicados sobre o assunto, estudou o mundo dos vídeos games, e alerta: As crianças tornam-se muito violentas e até chegarem a esse estágio, perdem aos poucos a motivação na ordem que se segue:
1º - pelo esporte ou quaisquer atividades extras;
2º - pelos amigos;
3° - pelos estudos;
4º - pela família.
Malefícios causados pela TV em excesso:
1 – A televisão compromete o sono da criança (quantidade e qualidade). É importante lembrar que a criança necessita de no mínimo dez horas de sono por dia.
2 – A TV vai aos poucos distorcendo os valores cultivados pela família.
Antigamente figuras bonitas e belas representavam o bem e a verdade, enquanto as feias eram a pintura do mau e da mentira. Hoje, os heróis para as crianças são figuras e desenhos feios, com caras de monstros. A criança não mais se preocupa em mostrar, valorizar o que é bom e belo; pode incorrer no futuro em um sério problema de personalidade. O diálogo familiar está deixando de existir. No mundo de hoje, pai e mãe trabalham em demasia e ao chegar em casa, esgotados e estressados, o pouco tempo que deveriam aproveitar para brincar, conversar e educar seus filhos, é “perdido” diante da TV;
3 – A televisão vai diminuindo o tempo útil da criança. Alguns pequeninos ficam limitados a ir somente à escola, passando o restante do dia defronte à TV, afetando o seu desenvolvimento e aprendizagem. A criança perde a dimensão do tempo, porque as imagens veiculadas, mesmo que gravações antigas passam para o telespectador a idéia de que estão ocorrendo no presente. A forma relaxada e preguiçosa como as crianças assistem à televisão causa conseqüentemente atrofia muscular.
4 – A televisão estimula a agressividade nas crianças, funcionando como escola para os pequeninos. Observa-se a forma violenta como algumas crianças brincam – com pontapés e murros. Seus brinquedos em geral têm caras de monstros, e eles os idolatram;
5 – A TV estimula o erotismo precoce nas crianças. O sexo explícito e indiscriminado na televisão acelera as mudanças hormonais no organismo das crianças; identificado claramente nas meninas. As músicas eróticas, as roupas, a influência ao namorar cedo etc. Os pais têm que estar atentos para o fato de que a fase de pré-adolescência (entre 8 e 12 anos) deve ser a fase do silêncio sexual, imprescindível para o amadurecimento da criança.
Quando uma criança cresce viciada em TV, ela passa sua infância achando que está vivendo num mundo de fantasia. Quando entra na adolescência, não consegue sair do mundo da magia e o que mais se aproxima com o fantasioso mundo da TV é a DROGA.
Sugestões para amenizar os malefícios apontados:
- Crianças até três anos não devem assistir à televisão;
- Limitar o tempo da criança diante da TV;
- Estabelecer horários para a criança assistir à TV;
- Acompanhar o que o pequeno assiste;
-Analisar as imagens recepcionadas pelas crianças, fazendo questionamentos quanto aos valores que são passados pela televisão e fazê-la perceber e entender a escala de valores morais que reputamos como correta, porque baseada em nossa visão espírita de homem e de mundo;
- Reciclar os brinquedos das crianças para substituir a TV (brinquedos educativos);
- Estimular as crianças levando-as para fazer passeios culturais – teatros, museus, bibliotecas, etc;
- Estimular a leitura e conseqüentemente o estudo – Pai e Mãe são o espelho dos filhos, os que lêem e estudam naturalmente terão filhos interessados na leitura;
- Levar os filhos para a Evangelização Infantil.
 
Fonte: Carneiro, Tânia Maria Farias e Barreto, Eryka Florenice Pinheiro (organizadoras). Guia Útil dos Pais – Uma Abordagem Educacional Espírita – 2ª Edição – Fortaleza – CE: Edições GEPE – Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004. (Área de Ensino). 112 a 115p.

sábado, 8 de março de 2014

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 09 DE MARÇO DE 2014

A CARIDADE MATERIAL E A CARIDADE MORAL   

9. "Amemo-nos uns aos outros e façamos aos outros o que quereríamos nos fizessem  eles." Toda a religião, toda a moral se acham encerradas nestes dois preceitos. Se fossem  observados nesse mundo, todos seríeis felizes: não mais aí ódios, nem ressentimentos. Direi  ainda: não mais pobreza, porquanto, do supérfluo da mesa de cada rico, muitos pobres se  alimentariam e não mais veríeis, nos quarteirões sombrios onde habitei durante a minha  última encarnação, pobres mulheres arrastando consigo miseráveis crianças a quem tudo  faltava. 
Ricos! pensai nisto um pouco. Auxiliai os infelizes o melhor que puderdes. Dai, para  que Deus, um dia, vos retribua o bem que houverdes feito, para que tenhais, ao sairdes do  vosso invólucro terreno, um cortejo de Espíritos agradecidos, a receber-vos no limiar de um  mundo mais ditoso. 
Se pudésseis saber da alegria que experimentei ao encontrar no Além aqueles a quem,  na minha última existência, me fora dado servir!... 
Amai, portanto, o vosso próximo; amai-o como a vós mesmos, pois já sabeis, agora,  que, repelindo um desgraçado, estareis, quiçá, afastando de vós um irmão, um pai, um amigo  vosso de outrora. Se assim for, de que desespero não vos sentireis presa, ao reconhecê-lo no mundo dos Espíritos! 
Desejo compreendais bem o que seja a caridade moral, que todos podem praticar, que  nada custa, materialmente falando, porém, que é a mais difícil de exercer-se. 
A caridade moral consiste em se suportarem umas às outras as criaturas e é o que  menos fazeis nesse mundo inferior, onde vos achais, por agora, encarnados. Grande mérito  há, crede-me, em um homem saber calar-se, deixando fale outro mais tolo do que ele. É um  gênero de caridade isso. Saber ser surdo quando uma palavra zombeteira se escapa de uma  boca habituada a escarnecer; não ver o sorriso de desdém com que vos recebem pessoas que,  muitas vezes erradamente, se supõem acima de vós, quando na vida espírita, a única real,  estão, não raro, muito abaixo, constitui merecimento, não do ponto de vista da humildade,  mas do da caridade, porquanto não dar atenção ao mau proceder de outrem é caridade moral. 
Essa caridade, no entanto, não deve obstar à outra. Tende, porém, cuidado,  principalmente em não tratar com desprezo o vosso semelhante. Lembrai-vos de tudo o que já  vos tenho dito: Tende presente sempre que, repelindo um pobre, talvez repilais um Espírito  que vos foi caro e que, no momento, se encontra em posição inferior à vossa. Encontrei aqui  um dos pobres da Terra, a quem, por felicidade, eu pudera auxiliar algumas vezes, e ao qual,  a meu turno, tenho agora de implorar auxílio. 
Lembrai-vos de que Jesus disse que todos somos irmãos e pensai sempre nisso, antes  de repelirdes o leproso ou o mendigo. Adeus: pensai nos que sofrem e orai. Irmã Rosália.  (Paris, 1860.) 
10. Meus amigos, a muitos dentre vós tenho ouvido dizer: Como hei de fazer  caridade, se amiúde nem mesmo do necessário disponho? 
Amigos, de mil maneiras se faz a caridade. Podeis fazê-la por pensamentos, por  palavras e por ações. Por pensamentos, orando pelos pobres abandonados, que morreram sem se acharem sequer em condições de ver a luz. Uma prece feita de coração os alivia.  Por palavras, dando aos vossos companheiros de todos os dias alguns bons conselhos,  dizendo aos que o desespero, as privações azedaram o ânimo e levaram a blasfemar do nome  do Altíssimo: "Eu era como sois; sofria, sentia-me desgraçado, mas acreditei no Espiritismo  e, vede, agora, sou feliz." Aos velhos que vos disserem: "É inútil; estou no fim da minha  jornada; morrerei como vivi", dizei: "Deus usa de justiça igual para com todos nós; lembrai-  vos dos obreiros da última hora." As crianças já viciadas pelas companhias de que se  cercaram e que vão pelo mundo, prestes a sucumbir às más tentações, dizei: "Deus vos vê,  meus caros pequenos", e não vos canseis de lhes repetir essas brandas palavras. Elas acabarão  por lhes germinar nas inteligências infantis e, em vez de vagabundos, fareis deles homens.  Também isso é caridade. 
Dizem, outros dentre vós: "Ora! somos tão numerosos na Terra, que Deus não nos  pode ver a todos." Escutai bem isto, meus amigos: Quando estais no cume da montanha, não  abrangeis com o olhar os bilhões de grãos de areia que a cobrem? Pois bem: do mesmo modo  vos vê Deus. Ele vos deixa usar do vosso livre-arbítrio, como vós deixais que esses grãos de  areia se movam ao sabor do vento que os dispersa. Apenas, Deus, em sua misericórdia  infinita, vos pôs no fundo do coração uma sentinela vigilante, que se chama consciência.  Escutai-a, que somente bons conselhos ela vos dará. As vezes, conseguis entorpecê-la,  opondo-lhe o espírito do mal. Ela, então, se cala. Mas, ficai certos de que a pobre escorraçada  se fará ouvir, logo que lhe deixardes aperceber-se da sombra do remorso. Ouvi-a, interrogai-a  e com freqüência vos achareis consolados com o conselho que dela houverdes recebido. 
Meus amigos, a cada regimento novo o general entrega um estandarte. Eu vos dou por  divisa esta máxima do Cristo: "Amai-vos uns aos outros." Observai esse preceito, reuni-vos  todos em torno dessa bandeira e tereis ventura e consolação. - Um Espírito protetor. (Lião,  1860.)  

Kardec, Por Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Disponível em http://www.espirito.org.br/portal/codificacao/es/index.html.