sexta-feira, 21 de março de 2014

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 24 DE MARÇO DE 2014

ADOLESCÊNCIA: FASE DE TRANSIÇÃO E DE CONFLITOS


A  adolescência  é  o  período  próprio  do  desenvolvimento  físico  e  psicológico, que se inicia aproximadamente aos catorze anos para os rapazes e aos doze anos para as moças,  prolongando‐se,  até  aos  vinte  e  dezoito  anos,  respectivamente,  nos  países  de clima frio, sendo que nos trópicos há uma variação para mais cedo. 
Nessa  fase,  há  um  desdobramento  dos  órgãos  secundários  do  sexo,  dando surgimento aos fatores propiciatórios da reprodução, como sejam o espermatozoide no fluido seminal e o catamênio. Os rapazes experimentam alterações na voz, enquanto as moças  apresentam  desenvolvimento  dos  ossos  da  bacia,  dos  seios,  o  que  ocorre  com certa rapidez, normalmente acompanhados pelo surgimento da afetividade, do interesse sexual e dos conflitos na área do comportamento, como insegurança, ansiedade, timidez, instabilidade,  angústia,  facultando  o  espaço  para  desenvolvimento  e  definição  da personalidade, aparecimento das tendências e das vocações.
Completando a reencarnação, o adolescente passa a viver  a experiência nova, definindo  os rumos  do  comportamento  que  o  tempo amadurecerá  através  da  vivência dos novos desafios.
Inadaptado ao novo meio social no qual se movimentará, sofre o conflito de não ser mais criança, encontrando‐se, no entanto, sem estrutura organizada para os jogos da idade adulta.  É,  portanto,  o  período  intermediário  entre  as  duas  fases  importantes  da existência  terrena,  que  se  encarrega  de  preparar  o  ser  para  as  atividades  existenciais mais profundas.
Inseguro,  quanto  aos  rumos  do  futuro,  o  jovem  enfrenta  o  mundo  que  lhe parece hostil, refugiando‐se na timidez ou expandindo o temperamento, conforme sejam as circunstâncias nas quais se apresentem as propostas de vida.
As bases de sustentação familiar, religiosa e social, sentem‐lhe os embates dos desafios  que  enfrenta,  pois  relaciona  tudo  quanto  aprendeu  com  o  que  encontra  pela frente.
Não  possuindo  a  maturidade  do  discernimento,  e  fascinado pelas oportunidades encantadoras que lhe surgem de um para outro momento, atira‐se com sofreguidão aos  prazeres  novos  sem  dar‐se  conta dos  comprometimentos que  passa a firmar, entregando‐se às sensações que lhe tomam todo o corpo.
Outras vezes, vitimado por conflitos naturais que surgem da incerteza de como comportar‐se,  refugia‐se  no  medo  de  assumir  responsabilidades  decorrentes  das  atitudes  e  faz  quadros  psicopatológicos,  como  depressão,  melancolia,  irritabilidade,  escamoteando o medo que o assalta e o intimida.
Nos dias atuais as licenças morais são muito agressivas,  convidando o jovem,  ainda inadequado para os jogos velozes do prazer, a lances audaciosos na área do sexo, que  parece  constituir‐lhe  a  meta  prioritária  em  que  chafurda  até  o  cansaço,  dando surgimento  à  usança  de  recursos  escapistas,  que  não  atendem  às  necessidades presentes, antes mais o perturbam, comprometendo‐o de maneira lamentável.
Nesse  período,  o  corpo  adolescente  é  um  laboratório  de  hormônios  que trabalham em favor das definições orgânicas, ao tempo em que o psiquismo se adapta às novas  formulações,  passando  um  período  de  ajustamento  que  deve  facultar  o amadurecimento dos valores éticos e comportamentais.
Como  é  compreensível,  a  escala  de  valorização  da  vida  se  modifica  ante  o mundo  estranho  e  atraente  que  ele  descortina,  contestando  tudo  quanto  antes  lhe constituía segurança e estabilidade.
Os  novos  painéis  apresentam‐lhe  cores  deslumbrantes,  e  não  encontrando conveniente  orientação,  educação  consistente,  firmadas  no  entendimento  das  suas necessidades,  contesta  e  agride  os  valores  convencionais,  elaborando  um  quadro compatível com o seu conceito,  no qual passa a comprazer‐se, ignorando os cânones e paradigmas  nos  quais  se  baseiam  os  grupos  sociais,  que  perdem,  para  ele, momentaneamente, o significado.
A  velocidade  da  telecomunicação,  a  diminuição  das  distâncias  através  dos recursos da mídia, da computação, das viagens aéreas, amedrontam os caracteres mais frágeis,  enquanto  estimulam  os  mais  audaciosos,  propondo‐lhes  o  descobrimento  do mundo e o sorver de todos os prazeres quase que de um só gole. 
Os esportes, que se perdem num incontável número de propostas, chamam‐no, e os  outros  deveres,  aqueles  que  dizem  respeito  à  cultura  intelectual,  à  vivência religiosa,  ao  comportamento ético‐moral,  porque  exigem  sacrifícios mais  demorados e respostas mais lentas, ficam à margem, quase sempre desprezados, em favor dos outros esforços que gratificam de imediato, ensoberbecendo o ego e exibindo a personalidade. O  culto  do  corpo,  nos  campeonatos  de  glorificação  das  formas,  agrada, elaborando programas, às vezes de sacrifício inútil, em razão da própria fragilidade de que se reveste a matéria na sua transitoriedade orgânica e constitucional.
A  música alucinante e  as  danças  de exalçamento da  sensualidade  levam‐no à ardência sexual, sem que tenha resistência para os embates do gozo, que exige novas e diferentes formas de prazer em constante exaltação dos sentidos.
A  moderação  cede  lugar  ao  excesso  e  o  equilíbrio  passa  a  plano  secundário, porque  o  jovem,  nesse  momento,  receia  perder  as  facilidades  que  se  multiplicam  e  o exaurem, sem dar‐se conta das finalidades reais da existência física.
O  Espiritismo  oferece  ao  jovem  um  projeto  ideal  de  vida,  explicando‐lhe  o objetivo  real  da  existência  na  qual  se  encontra  mergulhado,  ora  vivendo  no  corpo  e, depois,  fora  dele,  como  um  todo  que  não  pode  ser  dissociado  somente  porque  se apresenta em etapas diferentes. Explica‐lhe que o Espírito é imortal e a viagem orgânica constitui‐lhe  recurso  precioso  de  valorização  do  processo  iluminativo,  libertador  e prazenteiro.  Elucidando‐o,  quanto  ao  investimento  que  a  todos  é  exigido,  desperta‐o para a semeadura por intermédio do estudo, do exercício da aprendizagem, do equilíbrio moral  pela  disciplina  mental  e  ação  correta,  a  fim  de  poder  colher  por  longos,  senão todos  os  anos  da  jornada  carnal,  os  resultados  formosos,  que  são  decorrentes  do empenho pela própria dignificação.
Os  pais  e  os  educadores  são  convidados,  nessa  fase  da  vida  juvenil,  a caminharem  ao  lado  do  educando,  dialogando  e  compreendendo‐lhe  as  aspirações, porém  exercendo  uma  postura  moral  que  infunda  respeito  e  intimidade,  ao  mesmo tempo  fortalecendo a coragem  e ajudando  nos  desafios que  são  propostos,  para  que  o mesmo se sinta confiante para prosseguir avançando com segurança no rumo do futuro.
São  muito  importantes  essas  condutas  dos  adultos,  que,  mesmo  sem  o desejarem,  servem  de  modelos  para  os  aprendizes  que  transitam  na  adolescência, porquanto  os  hábitos  que  se  arraigarem  permanecerão  como  definidores  do comportamento para toda a existência física.
O amor, na sua abrangência total, será sempre o grande educador, que possui os  melhores  métodos  para  atender  a  busca  do  jovem,  oferecendo‐lhe  os  seguros mecanismos  que  facilitam  o  êxito  nos  empreendimentos  encetados,  assim  como  nos porvindouros.
Continência  moral,  comedimento  de  atitudes  constituem  preparativos indispensáveis para a formação da personalidade e do caráter do jovem, nesse período de  claro‐escuro  discernimento,  para  o  triunfo  sobre  si  mesmo  e  sobre  as  dificuldades que enfrentam todas as criaturas, durante a marcha física na Terra.

Fonte: Franco, Divaldo P., pelo espírito Joana de Angelis. Adolescência e Vida. Disponível em  http://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/L102.pdf.

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