Texto que estudaremos no
próximo domingo dia 23/08/2015:
Tema: RECOMPENSAS
E CASTIGOS
O perigo de recompensar uma criança
não é tão sério como o de castigá-la. Recompensas são coisas supérfluas e
negativas. Oferecer um prêmio por fazer algo é o mesmo que declarar que esse
algo não vale a pena de ser feito por si mesmo.
A outorga de recompensas tem um mau
efeito psicológico sobre a criança, porque faz surgir ciúmes. A antipatia de um
menino por seu irmão mais moço data do momento em que a mãe comentou:
- Teu irmãozinho sabe fazer isso
melhor do que tu.
Para o menino, aquele comentário é uma
recompensa dada ao irmão por ser melhor do que ele.
Tanto a recompensa como o castigo
tendem a pressionar a criança para o terreno do interesse. Mas o verdadeiro
interesse é a força vital de toda a personalidade, e tal interesse é
completamente espontâneo. É possível forçar a atenção porque a atenção é um ato
consciente, porém não se pode forçar o interesse. Homem algum pode ser forçado
a interessar-se, digamos, em colecionar selos e nós próprios não podemos nos
forçar a isso. Tanto a recompensa como o castigo tentam forçar o interesse.
Uma recompensa deveria ser, na maior
parte das vezes, subjetiva: a auto-satisfação pelo trabalho realizado.
Se uma criança aprende a ler e a
contar, será por ter interesse nesses assuntos, não por causa da bicicleta nova
que irá ganhar pela excelência de seu estudo. Devemos estimular o interesse da
criança através do diálogo com argumentação racional, demonstrando claramente à
criança a importância da leitura e sua necessidade nas mínimas coisas do
cotidiano, como ler a bula de um remédio, a receita do médico, as placas de
orientação na rua, as compras no supermercado e, principalmente, ajudá-la na
descoberta do prazer de aprender.
O medo paternal do futuro é perigoso
quando se expressa em sugestões que se aproximam do suborno:
- Quando aprenderes a ler, querido, o
papai te comprará um patinete.
Isso é uma fórmula que leva à
aceitação de nossa civilização lívida, sempre em busca de proveitos. Os pais
devem dar, sem procurar receber nada em troca.
O castigo é por vezes um ato de ódio,
criando um círculo vicioso. Pancadas são ódio expandido e cada surra tende a
criar mais ódio na criança. Então, como esse ódio crescente é expressado em
comportamento ainda pior, mais surras
são aplicadas. E esse segundo-tempo de espancamento acrescenta dividendos de
ódio na criança. O resultado é um pequeno odiento de maus modos, casmurro,
destruidor, tão calejado no que se refere a castigos que peca para provocar
alguma forma de resposta emocional por parte de seus pais. Porque mesmo uma
resposta hostil servirá, quando não há a emoção do amor. E assim a criança é
espancada – e se arrepende. Mas na manhã seguinte o mesmo ciclo recomeça.
O castigo pode inibir através do medo.
Se um pai se satisfaz com um filho cujo espírito foi completamente despedaçado
pelo medo, então para tal pai, o castigo vale a pena. A criança castigada
realmente se torna cada vez pior. E, o que é mais grave, cresce para ser um
pai, ou uma mãe amigos de infligir castigos. E o ciclo do ódio continua através
dos anos.
No livro Distúrbios na Infância,
Wanderley Pereira cita como exemplo a pedagogia no Evangelho: “Já no Novo
Testamento, mais especificamente no Evangelho de Lucas, vamos encontrar uma
pedagogia bem diferente nas relações de família e educação dos filhos. Tomemos
como modelo a família de Jesus aos 12 anos, na narrativa constante do capítulo
2, versículo 48, quando Maria e José voltam a Jerusalém para procurá-lo e o
encontram no Templo, sentado dialogando com os doutores. Vejamos como a Mãe, de
uma educação espiritual elevada, repreende o filho, mostrando-lhe no próprio
tom de voz que Ele havia negligenciado os seus limites em relação aos cuidados
dos pais. “Meu filho, que nos fizeste? Eis que teu pai e eu andávamos à tua
procura, cheios de aflição”. Como vemos, Maria, apesar de aflição sofrida com o
marido José, não grita com Jesus, mas também não silencia ante a atitude do
menino. Repreende-o amorosamente, de uma forma educada, com a intenção de
tocar-lhe o íntimo, como a dizer-lhe que não fizesse mais aquilo, porque assim
procedendo faria sofrer pai e mãe com a aflição desnecessária.
É essa pedagogia do Evangelho que deve
ser transmitida aos pais para que eles a repassem por sua vez aos filhos,
ensinando-os a amá-los e não a temê-los, a obedecê-los por amor, por uma
compreensão íntima, por uma necessidade agradável, e nunca por ameaças nem por
medo.” Prossegue citando várias opiniões de especialistas sobre a aplicação da
palmada: “Embora socialmente aceita, é cada vez mais crescente o número de
psicólogos que a condenam. “A palmada deseduca” é o título de uma campanha
lançada por especialistas do Laboratório de Estudos da Criança do Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo (USP). O objetivo foi mostrar aos pais
que há outras maneiras de educar sem violência. Os psicólogos se miram no
exemplo de países como Noruega, Dinamarca, Suécia, Israel, onde a prática da
palmada pode ser punida por lei. Mas outros admitem a tapinha eventual. É o
caso do psicoterapeuta Ari Rehfeld, de São Paulo, para quem na maioria das
vezes a palmada é dispensável, “mas em alguns momentos, quando a criança
extrapola todos os limites, é até permitida”. Para ele, entretanto, o ideal é
não bater. Quando Rehfeld falou isso a Isto é, edição de 15/11/00, ele era,
segundo a revista, supervisor da Clínica Psicológica da PUC paulista. A
professora da Escola Nacional de Saúde Pública do Rio de Janeiro, Maria Cecília
Minayo concorda com ele. “Uma palmada não é pior do que a violência
psicológica, largamente utilizada nas famílias de classe média.”
“A educadora Tânia Zagury sustenta que
os pais têm a ilusão de que os castigos físicos produzem resultados imediatos.
“Mas não conseguem resultado educacional”, rebate. No seu livro Limites sem
Trauma, ela explica de forma didática porque bater não faz sentido: “Porque
bater nada tem a ver com ensinar a ter limites; na verdade são atitudes até
opostas. Quem bate dá uma verdadeira aula de falta de limites próprios e até de
covardia. E enumera mais uma série de razões, além de uma lista de argumentos
mostrando o que é que a palmada realmente ensina. Entre outras coisas, “a temer
o maior, o mais forte ou o mais poderoso; que o comportamento agressivo é
válido; que a agressão física é uma atitude normal e praticável; que a força
bruta é mais importante que a razão e o diálogo; que ocultar ou omitir fatos
pode dar bons resultados e evitar umas boas palmadas; que de quem se espera
amor podem vir pancadas e agressão”. Logo, para seres inteligentes é preciso
buscar meios inteligentes de educá-los, com amor, sem perder a autoridade, para
ensinar-lhes, desde cedo, a perceber e aceitar limites.
Fonte de Pesquisa: Carneiro, Tânia Maria Farias e Barreto, Eryka Florenice Pinheiro
(organizadoras). Guia Útil dos Pais
– Uma Abordagem Educacional Espírita – 2ª Edição – Fortaleza – CE: Edições GEPE
– Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004. (Área de Ensino). 116 a 119p.
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