sexta-feira, 2 de novembro de 2012

TEXTO PARA ESTUDO, DOMINGO DIA 04 DE NOVEMBRO DE 2012



O PERDÃO NO PROCESSO DE EVOLUÇÃO DO ADOLESCENTE



Na transição da adolescência, o jovem saudável é muito susceptível de mudança de comportamentos e de atitudes mentais. Raramente as mágoas se lhe fazem profundas, produzindo sulcos perturbadores que se transformam em conflitos para o futuro, porque tudo parece acontecer com rapidez, cedendo, um fato, lugar a outro mais recente, dessa forma, não se fixando muito as impressões negativas, exceto aquelas que se repetem ou que lhe causam choque, estupor ou castração psicológica.
Desse modo, as ocorrências desagradáveis podem ser superadas com relativa facilidade, desde que haja substitutos para as mesmas, diminuindo as impressões de descontentamento e mal‐estar.
Formando a personalidade e definindo‐se na eleição do que lhe apraz aceitar ou rejeitar, o perdão assume um papel de importância no seu dia‐a‐dia, abrindo‐lhe possibilidades para os relacionamentos felizes. Há, naturalmente, exceções, quando se trata de personalidades psicopatas, temperamentos instáveis e vingativos, que acumulam o resíduo do ressentimento ao invés de coletar as experiências positivas e substituir aqueloutros que são de natureza desagradável.
O perdão aos erros alheios representa começo de maturidade no jovem, que se
revela tolerante, compreensivo, dando aos outros o direito de equivocar‐se e abrindo espaço para o autoperdão. Mediante essa conduta se renova, não permanecendo em atitudes depressivas após a constatação do erro, antes se dispondo a seguir em frente, superando a situação infeliz e recuperando‐se ao primeiro ensejo. Com essa atitude, a vida adquire um sabor agradável e as ocorrências passam a merecer a consideração produtiva, aquela que soma recursos que podem ser aplicados em favor do bem comum.
É uma forma de superar os melindres e complexos de inferioridade, porque o adolescente dá‐se conta do quanto é importante a sua presença no mundo, pelo seu significado existencial, pelo que pode realizar e pelo próprio sentido de sua vida.
Quando perdoa, despoja‐se de ondas perturbadoras que lhe ameaçam a casa mental, ampliando a capacidade de amor sem exigência, porque percebe que todas as pessoas se equivocam e são credoras de entendimento, quanto ele próprio o é. Isso lhe proporciona uma empatia favorável à existência terrestre, que perde as marcas agressivas que lhe pareciam ameaçar, constatando a fragilidade humana, que lhe cumpre entender e auxiliar a fortificar‐se..
É certamente uma lição preciosa para o seu desenvolvimento afetivo, emocional e social. Desde que todas as pessoas são dependentes umas das outras e cometem os mesmos erros com variação de escala e de gravidade, compreende o desafio que é viver com equilíbrio, intercambiando fraternidade, que constitui suporte de vitalidade. Ninguém que viaje pelo rumo da existência terrestre sem o apoio das amizades, sem o intercâmbio fraternal, que não tombe em terrível alienação.
Dessa forma, o perdão, como fenômeno natural entre os indivíduos, fascina o jovem que desperta para a existência adulta, descobrindo que a vida é enriquecedora e que errar é experiência perfeitamente natural, porém levantar‐se do erro é compromisso que não pode ser adiado sob pretexto algum. No entanto, para que a pessoa reconsidere a atitude e se erga do deslize, é indispensável que lhe seja oferecida oportunidade, que se lhe distenda a mão amiga sem recriminação ou qualquer outra exigência. Somente assim a vida se torna digna de ser vivida com elevação.
A aprendizagem do perdão pode ser comparada com a metodologia do ensino, aplicada no cotidiano. A pessoa que se dispõe a aprender qualquer coisa é levada a errar, no começo, repetir a tentativa até que as experiências se fixem no inconsciente e passem espontaneamente à consciência, de onde se irradiam para os hábitos. Assim, também, as conquistas morais, que são resultados de tentames ora com êxitos, ora com insucessos, O erro de um momento ensina como não mais se deve proceder, dessa maneira adquirindo‐se o automatismo para agir com correção.
Essa tarefa educadora é reflexo do perdão que se dá e do que se recebe. Ninguém, no mundo, que não necessite de oferecê‐lo, tanto quanto de recebê‐lo. Concedê‐lo, porém, é sempre melhor, porque expressa enriquecimento interior e disposição de auxiliar crescendo, enquanto consegui‐lo traduz equívoco que poderia ser evitado. A aprendizagem, todavia, em qualquer circunstância, oferece valioso contributo para uma existência tranquila.
Todas as criaturas necessitam pensar profundamente no perdão. Quando alguém é ofendido, o seu agressor tomba em nível vibratório e a vítima prossegue no padrão em que se encontra. Se reage, devolvendo o insulto, a agressão, igualmente, desce à condição de inferioridade; se permanece em tranquilidade, demora‐se no mesmo patamar. Entretanto, quando perdoa, ascende e localiza‐se emocional e psiquicamente em situação melhor do que o seu opositor. Não foi por outra razão que Jesus, como Psicoterapeuta Invulgar, proclamou a necessidade do perdão como condição de plenitude para o ser.
O adolescente, descomprometido com ressentimentos anteriores, aberto às novas lições da vida, sempre encontrará, no ato de perdoar, uma forma de realizar‐se, preenchendo os vazios do sentimento e superando as constrições de uma família problema, um lar difícil, circunstâncias perturbadoras que passam a dar significado diferente à sua existência, liberando‐o das reminiscências amargas e dos traumas que, por acaso, teimem por permanecer‐lhe no ser.
Essa atitude de perdoar é resultado também de exercícios. Ao analisar a situação do agressor, compreendendo que ele se encontra infeliz e exterioriza essa situação mediante a agressividade, torna mais fácil a atitude da desculpa, que se encoraja em olvidar a ofensa, perdoar sinceramente. Inicia‐se nas pequenas conjunturas desagradáveis que vão sendo ultrapassadas sem vínculos de mágoas, na necessidade pessoal também de ser compreendido, e, portanto, perdoado, criando um clima de legítima fraternidade que permite ao outro ser aceito conforme se apresenta, entendendo‐lhe as dificuldades de amadurecimento e de atitude, dessa forma ajudando-o sem impor‐lhe percalços pelo caminho.
O verdadeiro e compensador período da adolescência é aquele que guarda melhores recordações, responsáveis pela estruturação do caráter e da personalidade, devendo ser a fase na qual ocorrem as expressões de amadurecimento psicológico, superando a criança caprichosa que não sabe desculpar e abrindo campo para o desenvolvimento do indivíduo compassivo e fraterno, que está disposto a contribuir com valiosos tesouros para a dignificação humana.
Quando se ama, portanto, o perdão é um fenômeno natural, que se exterioriza como consequência da atitude aberta de aceitar o próximo na condição em que se apresenta, porém, exigir‐se ser melhor cada dia, e mais nobre em cada oportunidade que surge.

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