Texto que estudaremos no próximo domingo dia 17/06:
Tema: RESPEITAR, RESPEITANDO-SE
Ter filhos não é fácil. Criá-los de forma equilibrada frente às nossas dificuldades internas e externas parece mais complicado ainda. Por mais bem intencionados que sejamos, as orientações psicológicas, sociológicas, pedagógicas e espirituais por vezes nos parecem barreiras intransponíveis para as nossas limitações humanas. Aí é que reside a questão: Somos Seres Humanos! Tão humanos quanto nossos filhos! Imperfeitos mas perfectíveis, caminhando dentro de um longo e necessário processo evolutivo!
Essa constatação certamente nos alivia a culpa mas não exime a nossa responsabilidade perante a guarda, proteção, orientação e sustento dos seres que, voluntariamente ou não, permitimos vir ao mundo por nosso intermédio para dar continuidade aos seus planos evolutivos.
Então, apesar de nos reconhecermos como seres imperfeitos mas comprometidos com a nossa evolução e a de nossos filhos, porque é tão difícil encontrar a via mais correta e rápida de ascensão? Por nos faltar maior preparo e empenho, em outras palavras: por insegurança ou preguiça. Pelo simples fato de sermos inseguros quanto ao nosso potencial evolutivo e acomodados para desenvolvê-lo. Por desconhecimento ou falta de fé, permanecemos presos às malhas da acomodação materialista, do medo e das influências negativas.
Como prega a Doutrina Espírita em sua vasta literatura, o autoconhecimento, seguido da busca da autenticidade e do desenvolvimento de nossa essência divina, através da prática dos ensinamentos do Cristo, são os caminhos ou possibilidades que permitirão uma evolução consciente e real.
No tocante a uma adequada orientação de nossos filhos, necessária se faz uma transformação interior e anterior por parte dos pais. Seria o ideal, em primeiro lugar, ser objeto de transformação para depois estar preparado para transformar, apesar de ser comum as duas coisas ocorrerem juntas. Para que possamos compreender e melhorar a relação com os nossos filhos precisamos compreender e melhorar a relação com os nossos filhos precisamos compreender a nossa historia individual, os nossos motivos e objetivos espirituais, além da forma como lidamos com todos eles. Tudo isso não garantirá a resolução de nossos problemas como pais, mas nos ajudará, em muito, a redimensioná-los e fornecer-lhes outros critérios de valor.
Como tudo isso se efetivaria de forma prática? Em primeiro lugar, buscando compreender o contexto familiar em que nascemos. Ao invés de ficarmos justificando nossas falhas empurrando-as para um passado mal compreendido, deveríamos compreender a mensagem que a vida nos proporcionou ao longo do seu caminho. Devemos, então, perdoar e compreender o nosso passado e todas as pessoas que fizeram parte dele, transcendendo-o. Ao fazer isso você vai compreender melhor seu filho, pois vai possuir a sensibilidade de lembrar que você também já foi um. E vai perceber que suas dores e conflitos podem ser iguais aos seus e, se você não estiver alerta, eles poderão perdurar por toda a sua descendência. Alguém tem que quebrar o elo dessa cadeia de enganos. Isso se chama evolução ou transcendência de gerações.
Em segundo lugar, devemos encontrar o nosso Norte, ou seja, o Ser Humano que desejamos nos tornar. Precisamos estabelecer um sério compromisso com o progresso da nossa vida pessoal, profissional e comunitária. O melhor instrumento para iniciar esse processo de mudança seria a busca da autenticidade e a do auto-respeito.
A busca de equilíbrio íntimo, iniciada com a autenticidade e com o auto-respeito, refletir-se-á no conjunto de nossas relações interpessoais e nos conduzirá ao esforço da adoção de três atitudes básicas na educação de nossos filhos: a compreensão, o diálogo e o exemplo.
A compreensão relaciona-se à empatia, a sentir e perceber como nossos filhos sentem e percebem, a nos colocarmos sem seu lugar para em seguida fornecer-lhes a nossa experiência e Amor como alternativa para melhores escolhas. Compreendendo, respeitando o seu modo de ser muitas vezes tão diferente do nosso, de seguir caminhos que não planejamos, de poder, enfim, exercer o seu livre-arbítrio.
O diálogo é o meio mais legitimo de entendimento e aprendizagem. Gritos, repreensões, críticas e surras apenas atendem a quem já perdeu o controle de tudo, inclusive de si mesmo. A clareza, a simplicidade e a honestidade aliadas ao discernimento entre saber quando falar e quando calar, perfazem os instrumentos para esse intercâmbio de experiências e sentimentos.
Finalmente, o Exemplo. Procure ser um bom modelo já que você é o primeiro e o mais marcante da vida de seu filho. Pense bem de si mesmo, cuide-se. Busque o autocontrole e a autoconfiança como metas. Vivencie as orientações que você fornece, buscando sempre a coerência entre o dizer e o fazer. Observe e questione seus valores pessoais, dogmas, condutas, conflitos e apegos. Eles possuirão uma importância considerável na formação do caráter de seu filho.
Nunca subestime a capacidade crítica de seu filho, que quando fareja insegurança e fraqueza do caráter... ou lhe imitará ou o repelirá numa intensidade, por vezes, desastrosa. Para ser respeitando é necessário, portanto, respeitar-se e respeitar. É fazer ao Outro aquilo que gostaríamos que fosse feito a nós mesmos. Eis a máxima Espírita.
Para concluir, é preciso fazer tudo isso com Amor e Alegria. Observemos a escola da vida: Pais tristes, crianças tristes. Pais amargos, crianças infelizes. Pais violentos, crianças agressivas e desequilibradas. Apesar de todo o trabalho que dá, de todas as responsabilidades e dificuldades enfrentadas é preciso fazer valer a pena. Para o bem de todos nós.
Fonte de Pesquisa: Carneiro, Tânia Maria Farias e Barreto, Eryka Florenice Pinheiro (organizadoras). Guia Útil dos Pais – Uma Abordagem Educacional Espírita – 2ª Edição – Fortaleza – CE: Edições GEPE – Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004. (Área de Ensino). 85 a 87p.
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