O adolescente e o problemas das drogas
Joanna de Ângelis (espírito)
Entre os impedimentos para a
auto-identificação, no período da adolescência, destaca-se a rejeição.
Caracterizado pelo abandono a
que se sente relegado o jovem no lar, esse estigma o acompanha na escola, no
grupo social, em toda parte, tornando-o tão amargurado quão infeliz.
Sentindo-se impossibilitado de
auto-realizar-se, o adolescente, que vem de uma infância de desprezo, foge para
dentro de si, rebelando-se contra a vida, que é a projeção inconsciente da
família desestruturada, contra todos, o que é uma verdadeira desdita. Daí ao
desequilíbrio, na desarmonia psicológica em que se encontra, é um passo.
Os exemplos domésticos,
decorrentes de pais que se habituaram a usar medicamentos sob qualquer
pretexto, especialmente Valium e Librium, como buscas de equilíbrio, de
repouso, oferecem aos filhos estímulos negativos de resistência para enfrentar
desafios e dificuldades de toda a natureza. Demonstrando incapacidade para
suportar esses problemas sem a ajuda de químicos ingeridos os, abrem espaço na
mente da prole, para que, ante dificuldades, fuja para os recantos da cultura
das drogas que permanece em voga.
Por outro lado, a exuberante
propaganda, a respeito dos indivíduos que vivem buscando remédios para
quaisquer pequenos achaques, sem o menor esforço para vencê-los através dos
recursos mentais e atividades diferenciadas, produz estímulos nas mentes jovens
para que façam o mesmo, e se utilizem de outro tipo de drogas, aquelas que se
transformaram em epidemia que avassala a sociedade e a ameaça de violência e
loucura.
O alcoolismo desenfreado, sob
disfarce de bebidas sociais, levando os indivíduos a estados degenerativos, a
perturbações de vária ordem, torna-se fator predisponente para as famílias
seguirem o mesmo exemplo, particularmente os filhos, sem estrutura de
comportamento saudável.
O tabagismo destruidor,
inveterado, responde pelas enfermidades graves do aparelho respiratório,
criando dependência irrefreável, transformando-se em estímulo nas mentes
juvenis para a usança de tais bengalas psicológicas, que são porta de acesso a
outras substâncias químicas mais perturbadoras.
A utilização da maconha, sob a
justificativa de não ser aditiva, apresentada como de conseqüências suaves e
sem perigo de maiores prejuízos, com muita propriedade também denominada erva
do diabo, cria, no organismo, estados de dependência, que facultarão a
utilização de outras substâncias mais pesadas, que dão acesso à loucura, ao
crime, em desesperadas deserções da realidade, na busca de alívio para a
pressão angustiante e devoradora da paz.
Todas essas drogas tornam-se
convites-soluções para os jovens desequipados de discernimento, que se Ihes
entregam inermes, tombando, quase irremissivelmente, nos seus vapores venenosos
e destruidores, que só a muito custo conseguem superar, após exaustivos
tratamentos e esforço hercúleo.
Os conflitos, de qualquer
natureza, constituem os motivos de apresentação falsa para que o indivíduo se
atire ao uso e abuso de substâncias perturbadoras, hoje ampliadas com os
barbitúricos, a heroína, a cocaína, o crack e outros opiáceos.
E não faltam conflitos na
criatura humana, principalmente no jovem que, além dos fatores de perturbação
referidos, sofre a pressão dos companheiros e dos traficantes -que se encontram
nos seus grupos sociais com o fim de os aliciar; a rebelião contra os pais,
como forma de vingança e de liberdade; a fuga das pressões da vida, que lhe
parece insuportável; o distúrbio emocional, entre os quais se destacam os de
natureza sexual...
A educação no lar e na escola
constitui o valioso recurso psicoterapêutico preventivo em relação a todos os
tipos de drogas e substâncias aditivas, desvios comportamentais e sociais,
bengalas psicológicas e outros derivativos.
A estruturação psicológica do
ser é-lhe o recurso de segurança para o enfrentamento de todos os problemas que
constituem a existência terrena, realizando-se em plenitude, na busca dos objetivos
essenciais da vida e aqueloutros que são conseqüências dos primeiros.
Quando se está desperto para as
finalidades existenciais que conduzem à auto-realização, à auto-identificação,
todos os problemas são enfrentados com naturalidade e paz, porquanto ninguém
amadurece psicologicamente sem as lutas que fortalecem os valores aceitos e
propõem novas metas a conquistar.
Os mecanismos de fuga pelas
drogas, normalmente produzem esquecimento, fugas temporárias ou sentimento de
maior apreciação da simples beleza do mundo, o que é de duração efêmera,
deixando pesadas marcas na emoção e na conduta, no psiquismo e no soma, fazendo
desmoronar todas as construções da fantasia e do desequilíbrio.
É indispensável oferecer ao
jovem valores que resistam aos desafios do cotidiano, preparando-o para os
saudáveis relacionamentos sociais, evitando que permaneça em isolamento que o
empurrará para as fugas, quase sem volta, do uso das drogas de todo tipo, pois
que essas fugas são viagens para lugar nenhum.
Sempre se desperta desse
pesadelo com mais cansaço, mais tédio, mais amargura e saudade do que se haja
experimentado, buscando-se retomar a qualquer preço, destruindo a vida sob os
aspectos mais variados
Por fim, deve-se considerar que
a facilidade com que o jovem adquire a droga que lhe aprouver, tal a abundância
que se lhe encontra ao alcance, constitui-lhe provocação e estímulo, com o
objetivo de fazer a própria avaliação de resultados pela experiência pessoal.
Como se, para conhecer-se a gravidade, o perigo de qualquer enfermidade, fosse
necessário sofrê-la, buscando-lhe a contaminação e deixando-se infectar.
A curiosidade que elege
determinados comportamentos desequilibradores já é sintoma de surgimento da
distonia psicológica, que deve ser corrigida no começo, a fim de que se seja
poupado de maiores conflitos ou de viagens assinaladas por perturbações de
vária ordem.
Em todo esse conflito e fuga
pelas drogas, o amor desempenha papel fundamental, seja no lar, na escola, no
grupo social, no trabalho, em toda parte, para evitar ou corrigir o seu uso e o
comprometimento negativo.
O amor possui o miraculoso
condão de dar segurança e resistência a todos os indivíduos, particularmente os
jovens, que mais necessitam de atenção, de orientação e de assistência
emocional com naturalidade e ternura.
Diante, portanto, do desafio
das drogas, a terapia do amor, ao lado das demais especializadas, constitui
recurso de urgência, que não deve ser postergado a pretexto algum, sob pena de
agravar-se o problema, tornando-se irreversível e de efeitos destruidores.
Extraído de "Adolescência
e Vida", do espírito Joanna de Ângelis,
psicografia de Divaldo P. Franco,
Ed. LEAL,
cap. 23, págs. 122 a 126
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