sexta-feira, 15 de março de 2013

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 17 03 2013


ALMAS-PROBLEMAS

Todos nascem ou renascem nos núcleos familiares e sociais de que necessitam para aprimorar-se. Nem sempre o planejamento da reencarnação leva em conta a afetividade existente entre os reencarnantes e sim a necessidade de serem limadas as arestas, corrigidas as imperfeições morais e desenvolvidos os processos de resgates.
Joana de Angelis, através da mediunidade de Divaldo Franco, nos alerta:
“A pessoa-problema que renteia contigo, no processo evolutivo, não te é desconhecida..”
O filhinho-dificuldade que te exige doação integral, não se encontra ao teu lado pela primeira vez.
O ancião-renitente que te parece um pesadelo contínuo exaurindo-te as forças, não é encontro fortuito na tua marcha...
O familiar de qualquer vinculação que te constitui provação, não é resultado do acaso que te leva a desfrutar da convivência dolorosa.
Todos eles provêm do teu passado espiritual. Eles caíram, sim, e ainda se ressentem do tombo moral, estando, hoje, a resgatar injunção penosa. Mas, tu também.
Quando alguém cai, sempre há fatores preponderantes e outros predisponentes, que induzem e levam ao abismo.
Normalmente, oculto, o causador do infortúnio permanece desconhecido do mundo. Não, porém, da consciência, nem das Soberanas Leis.
Renascem em circunstâncias e tempos diferentes, todavia, volvem a encontrar-se, seja na consanguinidade, através da parentela corporal, ou mediante a espiritual, na grande família humana, tornando o caminho das reparações e compensações indispensáveis.
Não te rebeles contra o impositivo da dor, seja como se te apresente.
Aqui, é o companheiro que se transforma em áspero adversário; ali, é o filhinho rebelde, ora portador de enfermidade desgastante; mais adiante, é alguém dominado pela loucura, e que chega à economia da tua vida depauperando os teus cofres de recursos múltiplos.
Surgem momentos em que desejas que eles partam da Terra, a fim de que repouses.
Horas soam em que um sentimento de surda animosidade contra eles te cicia o anelo de ver-te libertado...
Ledo engano!
Só há liberdade real quando se resgata o débito distância física não constitui impedimento psíquico.
Ausência material não expressa impossibilidade de intercâmbio.
O Espírito é a vida e, enquanto o amor não lene as dores e lima as arestas das dificuldades, o problema prossegue inalterado. Arrima-te ao amor e sofre com paciência. Suporta a alma-problema que se junge a ti e não depereças nos ideais de amparar e prosseguir. Ama, socorrendo.
Dia nascerá, luminoso, em que, superadas as sombras que impedem a clara visão da vida, compreenderás a grandeza do teu gesto e a felicidade da tua afeição a todos.
O problema toma a dimensão que lhe proporcionas.
Mas o amor, que “cobre a multidão dos pecados” voltado para o bem, resolve todos os problemas e dificuldades fazendo que vibre, duradoura, a paz por que te afadigas.
Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, no livro Encontro Marcado, nos esclarece sobre as divergências entre pais e filhos:
“Nem sempre surgem como sendo personalidades adequadas aos nossos desejos aqueles que a vida nos oferece por pais na estância física.”
Seriam eles maus ou diferentes, porque não nos entendem, de pronto, os ideais? Numa interrogativa dessa natureza, toda vez que estivermos na posição de filhos, é possível devamos formular semelhante questão ao inverso.
Habitualmente, julgamos nossos pais humanos quando a razão começa a amadurecer no galho florido de nossos primeiros sonhos da mocidade. Sobretudo, pretendemos medir-lhes as supostas deficiências, depois de passados mais de vinte ou trinta anos sobre os dias semiconscientes de nossa infância. Se não concordam com as nossas opiniões, frequentemente apontamo-los por espíritos passadistas ou intolerantes. Nessa conceituação apressada, porém, esquecemo-nos de que eles receberam no caminha da experiência, quantas vezes por nossa causa, e, por isso mesmo, nem sempre lhes será possível colocar os ouvidos ao nível em que se nos situa a palavra.
Fácil considerá-los desorientados, quando não estejam de acordo com os preceitos que aceitamos como sendo os mais justos; entretanto, a distância enorme de tempo que existe entre a hora de nossa análise e a hora do berço não nos permite saber quantos problemas e quanto fel amargaram, até que adotassem padrões individuais de conduta, diversos daqueles consagrados para a vida na Terra.
Muito simples categorizá-los à conta de intransigentes, quando nos reprovam os pontos de vista; contudo, raramente estamos nas condições precisas para avaliar as crises que suportaram, a fim de que tentações e desequilíbrios não arrasassem o lar que nos serve de apoio e ninho.
Se te encontras à frente de pais magoados ou sofredores, recorda um homem generoso que largou as conveniências da própria liberdade, para colocar uma família nos ombros, e lembra-te de certa mulher, jovem e bela, que olvidou a si mesma e renunciou à própria vida, padecendo na carne e na lama, para que pudesses viver!... Considera que eles se reuniram, obedecendo aos desígnios de Deus, a fim de que viesses ao mundo, e se não puderam ser felizes como esperavam ou se as provações da existência os tornaram assim, quando estiveres a ponto de censurá-los, pensa na alegria e no amor com que eles dois rogaram a Deus te abençoasse, quando nasceste e, em silêncio, pede também a Deus que o abençoe.
Prossegue Emmanuel, alertando agora sobre os filhos diferentes:
“Provavelmente, conhecê-los-ás no mais íntimo da alma: os filhos diferentes. Conseguiste instruir os outros. Encaminhá-los para o bem com facilidade. Mas encontraste aquele que não se afina com os teus ideais. É um filho que não se erige à altura do padrão doméstico a que te elevaste, ou uma filha que desmente a esperança.”
É possível hajas verificado a desvantagem quando já existe enorme distância do ente querido à harmonia familiar. Percebeste-lhe as falhas com a surpresa do cultivador quando identifica uma planta de bela aparência que a praga carcome, ou com o desencanto de quem vê repentinamente comprometida a empresa levantada à custa dos sonhos e canseiras de muitos anos.
Quanto te observes perante um filho diferente, não te permitas inclinar o coração ao desespero ou à amargura. Ora e pede luz para o entendimento.
O Senhor te fará reconhecer-te à frente do companheiro ou da companheira de outras existências terrestres, que o tempo ocultou e que a Lei te oferece de nova à presença para que a tua obra de amor seja devidamente complementada.
Jamais ergas a voz para acursar o filho-problema, conquanto nem sempre lhe possa elogiar a conduta. Longe ou perto dele, segundo as circunstâncias do plano físico, ampara-o com a tua prece, estendendo-lhe apoio e inspiração pelas vias da alma. Embora no dever de corrigi-lo, ainda mesmo quando te não compreenda ou te evite o passo, abençoa-o tantas vezes quantas se fizerem precisas, ensinando-lhe outra vez o caminho da retidão e da obediência, selecionando para isso as melhores palavras que as lutas da vida te hajam gravado no sentimento.
Ninguém te pode penetrar a angústia e o enternecimento de pai ou mãe junto dos filhos que se fizerem enigmas; à vista disso é natural que muitas vezes o teu procedimento diante deles assuma aspecto de exceção. Auxilia-os sempre e, mesmo nos dias em que saraivada de críticas humanas te assedie a cabeça, aconchega-os mais brandamente ao regaço de teu espírito; sem que o verbo humano consiga expressar as sensações de teu amor ou de tua dor, ante um filho diferente, sabes, no imo da alma, que ele significa o mais alto encontro marcado entre a tua esperança e a bondade de Deus.

Fonte: CARNEIRO, T. M. F. e BARRETO, E. F. P. (organizadoras). Guia Útil dos Pais – Uma Abordagem Educacional Espírita. 2ª Edição, Fortaleza – CE: Edições GEPE – Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004.

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