A
FALA DOS PAIS
Se a mãe soubesse a força de que dispõe
pela palavra diante dos seus filhos, procuraria falar com mais cuidado. A tua
conversa, mãe, é tinta divina, e tua mente educada, a caneta pela qual podes
escrever no destino do teu filho.
A disciplina da mãe, no tocante ao
falar, é de suma importância, porquanto os filhos nunca esquecerão a fala
materna, principalmente quando ela se envolve no magnetismo do amor e vive o
que conversa com seus filhos, de bom, de agradável, de direito, de direito e de
justiça. É certo que a verdadeira educação começa no lar.
A mãe, nos primeiros anos do bebê, é um
sol para aquecê-lo, é uma mão divina para guiá-lo no caminho da vida. A
soberania espiritual da alma flui por excelência, através do que ela fala. Analisando
a conversa alheia sem intenção de julgá-la, saberás a que escala pertence o
espírito que escutas, qual o seu nível de conduta, e por aí poderás observar a
ti mesmo, dando imediatamente um toque de reparo naquilo que precisar. E,
quando os filhos estiverem crescidos, a voz materna, acostumada no palavreado
do bem e da verdade, cresce em seus conceitos e eles a deixam cair em seus
corações como semente de energismo salutar. Em certas horas graves, a palavra
de mãe não será retrucada, e sim ouvida com maior respeito. Eis o que nos fala
Jó: “Havendo eu falado, não replicaram, as minhas palavras caíram sobre eles
como o orvalho” (Jó, 29:22)
A voz materna pode ganhar ou perder a
autoridade moral perante os filhos; dependendo do modo de vida que escolhe. O exemplo
é força dominante na vida daqueles que convivem contigo, e, sabes, mãe, antes
de o teu filho nascer, há tempos ele já convive contigo, e é nesse período que
deves iniciar com maior segurança o que vais falar, pois ele está te ouvindo e
sentindo o que sentes. Tu e ele, pode se dizer, compõem um só. Esquece os
aborrecimentos, dispersa a melancolia e faze de conta que desconheces o ódio;
começa a transformar-te em um mundo de alegria e de esperança, que estarás
cooperando para a paz daquele que se aproxima do teu lar, e vai ser teu filho
do coração.
A mulher tem uma grande missão junto à
família, na arte de falar a ela, dado o maior tempo de conversações, e nisto
está muita responsabilidade no que diz aos outros. Compete a cada uma
reverência especial na educação, e essa educação diante das suas companheiras é
mais difícil de se fazer. Onde ficamos à vontade esquecemos a corrigenda, e
deixamos para depois a disciplina. Mãe, falando no teu lar, estás preparando
outras mães e pais para outros lares, que sucessivamente herdam o que falas! O
que dizes disto? Qual o caminho que vais escolher, ouvindo esta verdade?
Vamos trabalhar para um futuro de paz,
senão um ambiente de luz, mas o teu início de renovação da humanidade nunca
está longe de ti; começa em teu ser, com raízes em teu lar, e propaga-se em
ondas poderosas no estalar da tua língua.
Não menos importante do que a fala da
mãe, a fala do pai também é energia divina, pois quando o verbo é portador de
amor, acorda em quem ouve variadas gamas de bons sentimentos, indispensáveis à
educação de nossos filhos.
A estirpe da conversa se esconde nas
profundezas dos sentimentos, como a sintonia gera ideias no mesmo tom,
materializando palavras de natureza idêntica. Pensamentos e sentimentos
produzem uma corrente contínua de vibrações: um fornece a força, o outro plasma
o entendimento e a palavra anuncia, no exterior, o que se passa por dentro de
quem pensa e sente.
Lembrando o título da mensagem, vamos
buscar, com todo o carinho e respeito, o dever maior do pai de família, junto
aos seus, àqueles que o cercam. O homem que já pensou na conjuntura do seu lar,
na harmonia de sua família e na paz dos seus filhos, obviamente já lançou mão
dos seus deveres, no que se refere à educação da palavra. Se tu és pai, procura
descobrir o quanto vale a tua palavra dentro de casa; ela é ouvida com mais
interesse do que pensas. Por vezes, sai da tua boca sem a menor importância a
que lhe dás, no entanto, os teus filhos e companheira acreditam em ti e seguem
as tuas instruções, pelo poder do teu verbo.
Confere as tuas ideias, antes de a
palavra expor o que intentares falar. A tua conversa é, de certo modo,
alimento, em dimensão diferente, para os espíritos que habitam contigo. Há
muito para dizer a eles, no sentido construtivo, senão benéfico, em variadas
ordens de comunhão com a verdade e o amor. As crianças de um lar sempre esperam
por todo o dia a chegada do pai, para que se lhes transmita uma história.
Alegra o ambiente com tuas palavras, através do modo pelo qual o carinho
sugestiona essa ânsia de prazer das almas que se propuseram a andar juntas e,
por enquanto, vieram como teus filhos. Amanhã, os papéis podem estar
invertidos. Lança mão dessa oportunidade. Não te desvies do caminho de casa,
para lugares sonde o bom senso não te inspira, nos quais o palavreado é sempre
inferior. Não sujes a tua boca com conversas que o pudor não aprova porque elas
são carregadas de magnetismo inferior, de sorte a turvar todo o teu campo
mental, a empanar os teus sentimentos elevados e a criar uma tensão espiritual
de baixo teor. E depois, quando chegares em teu lar, o que poderás fazer para
os teus? Vais sentir-te cansado pela mudança de assuntos, vais sentir-te
humilhado pela tua própria consciência e vais calar, por não existirem
argumentos compatíveis com o teu ambiente familiar, deixando, assim, de cumprir
o teu dever diante daqueles que te esperavam na candidez que os anos lhes dão.
Quem não sente prazer em falar com
crianças? Com elas, aprendemos muito na arte em que os anjos são sábios. Quantos
anjos tens em casa? Um, dois, três ou mais? Que felicidade! O que procuras fora
está dentro da tua casa; é o céu, é Deus te chamando para um convívio de
alegria e de paz. Fala com teus filhos, fala com tua companheira, mas fala com
grandeza de coração e inteligência disciplinada. Move a tua língua em todas as
direções, escolhendo sons que mais agradem aos ouvidos dos que te ouvem, e
nunca esqueças perante os teus filhos, de um sorriso de otimismo e de uma
feição de carinho; eis o material que a vida usa para alimentar e garantir
vidas em formação. Não existe família unida sem palavras bem formadas.
Poderemos interpretar Marcos, no capítulo dois, versículo onze: “Todo pai ou
familiar que se encontre doente dos pensamentos e palavras, deve procurar com
urgência o Cristo, para ser curado.”
E vamos ouvir, depois de curados, para
onde Jesus vai mandar o ex-enfermo: “Eu te mando: levanta-te, toma o teu leito
e vai para tua casa.” (Marcos, 2:11)