sexta-feira, 27 de setembro de 2013

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 29 DE SETEMBRO DE 2013

O JOVEM E A RELIGIÃO

Na atualidade, tem chamado a atenção dos estudiosos o grande número de jovens “sem religião”. Entretanto, muitos desses jovens acreditam em Deus, mas rejeitam as religiões institucionalizadas, dogmas e tudo que se apresenta com caráter de certeza absoluta.
O adolescente de hoje vive em um mundo dinâmico e veloz, onde as informações das mais variadas fontes são acessíveis a todos de forma rápida e a custo razoável. Por isso, diante de tantas publicações científicas, páginas na internet, produções literárias, revistas culturais, folhetins, textos e artigos filosóficos, ele vive em crise religiosa e se pergunta: crença ou descrença – o que é mais saudável?  
Para muitos jovens, é muito complexo conciliar filosofia e religião com os conceitos da ciência; não conseguem discernir que todas estão em busca da mesma verdade e que, indistintamente, todas procuram compreender, porém de forma diversa, os mistérios da vida.
Afirmam algumas pessoas equivocadas que a melhor fé, hoje, é aquela que difere dos tempos de outrora, quando a meninada ia aos cultos ou reuniões por imposição familiar e social. Dizem ainda que é muito mais uma questão de escolha pessoal, pois os jovens fiéis elegem a própria religião de conformidade com seus desejos e buscas individuais.
Entretanto, somos de parecer que não podemos vivenciar a religiosidade como se estivéssemos olhando para uma prateleira de supermercado ou para um serviço self-service, em que a criatura escolhe o que mais lhe atrai no momento e segundo seu apetite caprichoso.
Aceitamos, porém, que a nova geração tem como uma de suas características a tolerância religiosa, que é muito bem-vinda nos dias atuais, e que deve elegê-la como traço distintivo e fundamental nos encontros religiosos de promoção e integração social. Rapazes e moças vão aos templos ou encontros e lá conhecem outros adolescentes que pensam como eles. Assim, formam grupos coesos. Assistem às reuniões, estudam juntos, saem à noite, viajam, se divertem. O lazer fica associado aos movimentos de fé.
Mas precisamos ficar atentos para não nos transformarmos em adeptos de uma religião personalista que enseje espaço para a proliferação de crenças estranhas, ditas alternativas, cujo maior enfoque é o culto ao esdrúxulo, exótico e excêntrico.
Como o advento de etapa já prevista da evolução terrestre, conhecida como Nova Era ¹, inicia-se um ciclo de renovadas tendências e necessidades:
“(...) São chegados os tempos em que as ideias morais devem se desenvolver para cumprir os progressos que estão nos desígnios de Deus; elas devem seguir o mesmo caminho que as ideias de liberdade percorreram, e que delas eram precursoras. (...)” ²
As novas gerações não aceitam ditadores de moral alheia, oradores inflexíveis e dirigentes fanáticos. Elas possuem uma visão de mundo, implícita na religião, que preconiza o respeito a si próprio e a seu semelhante; acreditam em Deus como uma força maravilhosa que controla tudo quando existe ou possa existir, e não em homens, ditos “santificados”, que dizem ser o cajado nas mãos de Deus para repreender e encaminhar os “pecadores” e “incrédulos”.
A descrença deixou de ser um fenômeno reduzido a alguns poucos indivíduos para converter-se em um fenômeno de massa.
No aspecto religioso, necessitam os jovens da orientação elucidativa, amiga e bondosa não só dos pais, mas de líderes religiosos racionais e de professores sensatos que souberem conquistar a confiança, o respeito e a consideração do adolescente.
Em muitas circunstâncias, os filhos não aceitam de imediato os princípios religiosos dos pais. Estes por sua vez se entregam à desesperança e veem cair por terra todos os seus empenhos e esforços. À primeira vista, os ensinos da família podem parecer “palavras vãs, sem validade” diante das contestações do adolescente. Entretanto, a semente, lançada na alma juvenil e cultivada de forma lenta e constante, na hora certa germinará.
São paradoxais as atitudes de certos adultos diante da mocidade. Alguns freqüentam os cultos e estudam os preceitos da religião, mas na vida pessoal nada praticam; fazem parte do grupo de pessoas que prestam, de forma não intencional, um desserviço à fé. Outros dizem não ter um fervor religioso, mas revelam uma conduta que condiz com os valores éticos que apresentam teor fraterno e humanitário.
Essas situações geram opiniões e pontos de vista sensivelmente contrário aos que foram inicialmente propostos ao jovem. A partir daí, podemos surgir incerteza, vacilação ou enfraquecimento moral, e a cresça ficar abalada a ponto de causar prevenção e indiferença aos princípios religiosos, descrença e abdicação do lenitivo da fé.
A religião não pode ser por si só incriminada ou condenada pelo que fazem em seu nome os supostos religiosos, pois jamais podem ser assim considerados os que fazem da fé um elemento de poderio e exploração.
A religiosidade juvenil deve ser, antes de tudo, encorajada e estimulada, do que dirigida ou comandada.


Fonte: SANTO NETO, Espírito Santo (médium). Ivan de Albuquerque (ditado por). Adolescência: Causa da (In)Felicidade. São Paulo – SP: Boa Nova, 2010.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 15 DE SETEMBRO DE 2013

Mediunidade em criança
 
A mediunidade é uma delicada flor que, para desabrochar, necessita de acuradas precauções e assíduos cuidados. Exige o método, a paciência, as altas aspirações, os sentimentos nobre [...] (Leon Denis).
 
A infância é uma fase que favorece a manifestação de fenômenos mediúnicos. É que a ação do Espírito recém-reencarnado sobre sua indumentária física não é completa: o acoplamento celular do perispírito com o corpo somente vai se concluir por volta dos sete anos de idade. Durante esse período, o anjo de guardo e os demais Espíritos interessados no sucesso do reencarnante vão estar mais amiúde em contato com ele, lembrando-lhe durante o sono e pela inspiração os compromissos assumidos e fortalecendo-o com palavras encorajadoras. Daí encontrarmos as crianças conversando com seus “amiguinhos imaginários”, sorrindo durante o sono, evidenciando estar vendo alguém ou alguma coisa que lhes agrada, enquanto os adultos nada percebem. Muitas vezes, as reações são contrárias: a criança chora dormindo, se assusta com “nada”, desperta aos gritos ou mal-humorada. São, às vezes, seus adversários, que, durante o desprendimento do Espírito pelo sono, estão a perturbar, dificultar sua jornada, não obstante o amparo dos bons Espíritos, cuja atuação tem limites, estabelecidos pelo uso do livre-arbítrio do Espírito reencarnado, mesmo na fase infantil. 
A mãe que bem compreende esses fenômenos busca, pela oração, o concurso dos benfeitores espirituais para fortalecer o seu filho nos primeiros trechos da nova experiência de vida - e a si mesma -, pois tem a missão de reeducá-lo e devolvê-lo ao Criador em melhor condição espiritual. Quando não compreende o que está se passando, deve recorrer ao estudo das obras básicas do Espiritismo e à orientação segura de uma Casa Espírita que funcione embasada nos postulados cristãos e na codificação kardecista.
Embora tais fenômenos possam ser denominados mediúnicos, não significa que a criança seja médium no verdadeiro sentido da palavra. Ela está sendo “mediunizada”, influenciada fortemente por entidades invisíveis, mas não se tem certeza que seja médium. Para tornar mais claro o que queremos dizer ouçamos as considerações que o Codificador faz a respeito: “Os médiuns são os intérpretes incumbidos de transmitir aos homens os ensinos dos Espíritos; ou melhor, são os órgãos materiais de que se servem os Espíritos para se expressarem aos homens por maneira inteligível” (EE: cap. 28, item 9). E, mais ainda, médium é somente aquele “em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva” (LM: item 159). Ora, se não é isso o que está acontecendo com sua criança, ela não é médium, no preciso significado do termo, e, por isso, não se deve buscar desenvolver o que ela não tem. 
- Haverá inconveniente em desenvolver-se a mediunidade nas crianças?
- Certamente e sustento mesmo que é muito perigoso, pois que esses organismos débeis e delicados sofreriam por essa forma grandes abalos, e as respectivas imaginações excessiva sobreexcitação. Assim, os pais prudentes devem afastá-las dessas idéias ou, quando nada, não lhes falar do assunto, senão do ponto de vista das conseqüências morais. 
- Há, no entanto, crianças que são médiuns naturalmente, quer de efeitos físicos, quer de escrita e de visões. Apresenta isto o mesmo inconveniente?
- Não; quando numa criança a faculdade se mostra espontânea, é que está na sua natureza e que a sua constituição se presta a isso. O mesmo não acontece quando é provocada e sobreexcitada (LM: item 221, q. 6-7). 
Como vemos, pela imaturidade que a incapacita de lidar com a mediunidade e pelo desconhecimento do assunto, as crianças e os jovens, na sua grande maioria, não saberão fazer uso disciplinado de tão sublime e valorosa faculdade de que são portadoras. 
Mas quando deverá a criança ser encaminhada ao estudo e à responsabilidade da sua faculdade, desabrochando ela espontaneamente? Respondem os Espíritos ao Codificador: “Não há idade precisa, tudo dependendo inteiramente do desenvolvimento físico e, ainda mais, do desenvolvimento moral. Há crianças de doze anos a quem tal coisa afetará menos do que a algumas pessoas já feitas” (LM: item 221, q. 8)
A mediunidade não tem preconceitos de cor, idade, religião, sexo e moralidade, por essa razão ela aflora em qualquer pessoa, independentemente de crer ou não na comunicação com os Espíritos. Eclode, muitas vezes, em quem não detém valores morais a altura de usá-la a serviço do Bem, em consonância com as Leis Divinas e com os ensinamentos do Mestre Jesus. “A faculdade mediúnica” – assevera o professor Allan Kardec – “é uma propriedade do organismo e não depende das qualidades morais do médium; ela se nos mostra desenvolvida, tanto nos mais dignos , como nos mais indignos. Não se dá, porém, o mesmo com a preferência que os Espíritos bons dão ao médium” (QE: cap. 2, Item 79).
Não obstante o que aprendemos, a mediunidade, muitas vezes, eclode de maneira espontânea, em crianças que já vêm preparadas para a sublime tarefa, trazendo um mandato mediúnico. Os anais do Espiritismo dão exemplos de crianças e jovens cuja mediunidade desabrochou de forma espontânea, e somente o futuro disse o porquê de tão cedo se envolverem com tais fenômenos. 
De relance, lembramos de Eusápia Paladino (Itália: 1854-1918), com sua extraordinária mediunidade de efeitos físicos já na adolescência, que chamou a atenção de muitos estudiosos sérios, entre eles César Lombroso e Charles Richet. Lembramos de Carmine Mirabelli (1889-1951), nascido em Botucatu, São Paulo. Era considerado o médium mais completo do mundo, pois possuía todas as faculdades que se possa imaginar. Psicografou mensagens em 28 idiomas! e provocava materializações à luz do dia. Sua mediunidade aflorou na adolescência. Trabalhando numa loja de calçados, foi demitido porque os sapatos, graças àquela faculdade, desciam das prateleiras e caminhavam pelo balcão, assustando os fregueses. 
Merece destaque Ivone A. Pereira (1906-1984), nascida no município de Valença, no estado do Rio de Janeiro. É considerada uma das maiores médiuns do Brasil, não somente pelas suas obras mediúnicas, mas, acima de tudo, pela sua vida exemplar. Psicografou valiosas obras, entre elas os clássicos Recordações da mediunidade, Devassando o invisível, Memórias de um suicida. Em À Luz Consolador, conta que com um mês de idade quase foi enterrada viva devido a um ataque de catalepsia, fenômeno mediúnico pouco conhecido da ciência e dos estudiosos da mediunidade. Nessa obra autobiográfica, diz ela textualmente: “Nunca desenvolvi a mediunidade, ela apresentou-se por si mesma, naturalmente, sem que eu me preocupasse em atraí-la, pois, em verdade, não há necessidade em se desenvolver a faculdade mediúnica, ela se apresentará sozinha, se realmente existir, e se formos dedicados às operosidades espíritas”[1]. É oportuno acrescentar que o possuidor da faculdade mediúnica deverá educá-la, aprendendo, assim, a usá-la de forma racional e disciplinada a serviço do Bem, tal como fez Dona Pereira. 
Exemplo de mediunidade precoce, que a história jamais esquecerá, foi a de Francisco Cândido Xavier (1910-2002), nascido em Pedro Leopoldo, Minas Gerais. Revelou-se médium aos quatro anos de idade, no momento em que seus genitores conversavam a respeito de um aborto ocorrido com uma vizinha e usavam o episódio para criticá-la. De repente, Chico interrompeu o diálogo com palavras totalmente inesperadas para sua idade e incompreensíveis para os pais: “O senhor – diz o menino, está desinformado sobre o assunto. O que houve foi um problema de nidação inadequada do ovo, de modo que a criança adquiriu posição ectópica”. João Cândico, o pai, perguntou espantado o que era nidação e ectópica, e o menino Chico respondeu que não sabia também e que apenas repetira as palavras que lhe haviam sido ditas por uma voz. Aflorava ali, de modo espontâneo, passivo e belo, o mandato mediúnico do Chico Xavier. 
No entanto, existem casos isolados de afloramento da mediunidade em crianças, que vão merecer uma apreciação toda especial e, indiferente aos cuidados ou ações contrárias dos pais e familiares, a faculdade se imporá, desde que o Espírito respeite o que prometeu a si e aos seus mentores antes de reencarnar. A família de Francisco Cândido Xavier e os amigos, por não compreenderem os fenômenos que com ela aconteciam, tudo fizeram para desviá-lo de sua missão, mas ele não se abateu e tornou-se o líder espiritual de mais de dois milhões de adeptos do Espiritismo, segundo o IBGE. Mas sabemos que esse número não retrata fielmente a verdade, já que milhares de brasileiros, mesmo adotando o Espiritismo na crença prática, declaram-se católicos por tradição. Chico Xavier sublimou a mediunidade e com ela abriu clarinadas de luz na história espiritual da Humanidade.
Para finalizar este capítulo, outra consideração se faz necessária. Determinadas manifestações mediúnicas pela criança, não raro, são respostas ao clima psíquico-espiritual reinante no ambiente doméstico, conforme nos alerta o estudioso da mediunidade Roque Jacintho: “[...] não olvidemos o quadro de perturbações momentâneas a que a criança está sujeita a sofrer em decorrência do clima espiritual desequilibrado de seu lar. Essas perturbações, muito freqüentes, poderão ser confundidas com mediunidade espontânea, mas cessarão tão logo o lar se reequilibre, porque eram efeitos e não a causa da ocorrência”[2]. O psicólogo suíço Carl Gustav Jung também estudou a influência do clima mental dos pais sobre os filhos. O criador da psicologia analítica, com sua forte intuição, percebera que:
 
[...] do mesmo modo que a criança, durante a fase embrionária, quase não passa de uma parte do corpo materno, do que depende completamente, assim também de modo semelhante a psique da primeira infância, até certo ponto, é apenas parte da psique materna e, logo depois, também da psique paterna, em conseqüência da atuação comum dos pais. Daí provém o fato de que as pertubações nervosas e psíquicas infantis, até muito além da idade escolar, por assim dizer, se devem exclusivamente a perturbações na esfera psíquica dos pais[3](grifamos).
Jung, por meio de sua mediunidade intuitiva, oferecia à ciência tradicional uma verdade que o Espiritismo já conhecia. 
 
 
Fonte: ALMEIDA, Waldehir Bezerra de. Criança: uma abordagem espírita. Matão-SP: Casa Editora “O Clarim”, 2007


[1] Ivone A. Pereira, em À Luz do Consolador, p. 15
[2] Roque JACINTHO, em Desenvolvimento mediúnico, p. 21.
[3][3] C. G. JUNG, em O desenvolvimento da personalidade, p. 57. 

sábado, 7 de setembro de 2013

TEXTO PARA ESTUDO DOMINGO DIA 01 DE SETEMBRO DE 2013

Não são os que gozam saúde que precisam de médico


11.  Estando Jesus à mesa em casa desse homem (Mateus), vieram aí ter muitos publicanos e gente de má vida, que se puseram à mesa com Jesus e seus discípulos; - o que fez que os fariseus, notando-o, disseram aos discípulos: Como é que o vosso Mestre come com publicanos e pessoas de má vida? - Tendo-os ouvido, disse-lhes Jesus: Não são os que gozam saúde que precisam de médico. (S. MATEUS, cap. IX, vv. 10 a 12.)
12. Jesus se acercava, principalmente, dos pobres e dos deserdados, porque são os que mais necessitam de consolações; dos cegos dóceis e de boa fé, porque pedem se lhes dê a vista, e não dos orgulhosos que julgam possuir toda a luz e de nada precisar. (Veja-se: "Introdução", artigo: Publicanos, Portageiros.)
Essas palavras, como tantas outras, encontram no Espiritismo a aplicação que lhes cabe. Há quem se admire de que, por vezes, a mediunidade seja concedida a pessoas indignas, capazes de a usarem mal. Parece, dizem, que tão preciosa faculdade devera ser atributo exclusivo dos de maior merecimento.Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar. Ora, nenhuma há de que o homem, por efeito do seu livre-arbítrio, não possa abusar, e se Deus não houvesse concedido, por exemplo, a palavra senão aos incapazes de proferirem coisas más, maior seria o número dos mudos do que o dos que falam. l)cus outorgou faculdades ao homem e lhe dá a liberdade de usá-las, mas não deixa de punir o Se só aos mais dignos fosse concedida a faculdade de comunicar com os Espíritos, quem ousaria pretendê-la? Onde, ao demais, o limite entre a dignidade e a indignidade? A mediunidade é conferida sem distinção, a fim de que os Espíritos possam trazer a luz a todas as camadas, a todas as classes da sociedade, ao pobre como ao rico; aos retos, para os fortificar no bem, aos viciosos para os corrigir. Não são estes últimos os doentes que necessitam de médico? Por que Deus, que não quer a morte do pecador, o privaria do socorro que o pode arrancar ao lameiro? Os bons Espíritos lhe vêm em auxílio e seus conselhos, dados diretamente, são de natureza a impressioná-lo de modo mais vivo, do que se os recebesse indiretamente. Deus, em sua bondade, para lhe poupar o trabalho de ir buscá-la longe, nas mãos lhe coloca a luz. Não será ele bem mais culpado, se não a quiser ver? Poderá desculpar-se com a sua ignorância, quando ele mesmo haja escrito com suas mãos, visto com seus próprios olhos, ouvido com seus próprios ouvidos, e pronunciado com a própria boca a sua condenação? Se não aproveitar, será então punido pela perda ou pela perversão da faculdade que lhe fora outorgada e da qual, nesse caso, se aproveitam os maus Espíritos para o obsidiarem e enganarem, sem prejuízo das aflições reais com que Deus castiga os servidores indignos 
e os corações que o orgulho e o egoísmo endureceram. A mediunidade não implica necessariamente relações habituais com os Espíritos superiores. E apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos, em geral. O bom médium, pois, não é aquele que comunica facilmente, mas aquele que é simpático aos bons Espíritos e somente deles tem assistência. Unicamente neste sentido é que a excelência das qualidades morais se torna onipotente sobre a mediunidade. 

Fonte: Kardec, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro. 
Brasília: Feb, 1944.