O
JOVEM E A RELIGIÃO
Na atualidade, tem
chamado a atenção dos estudiosos o grande número de jovens “sem religião”.
Entretanto, muitos desses jovens acreditam em Deus, mas rejeitam as religiões
institucionalizadas, dogmas e tudo que se apresenta com caráter de certeza
absoluta.
O adolescente de hoje
vive em um mundo dinâmico e veloz, onde as informações das mais variadas fontes
são acessíveis a todos de forma rápida e a custo razoável. Por isso, diante de
tantas publicações científicas, páginas na internet, produções literárias,
revistas culturais, folhetins, textos e artigos filosóficos, ele vive em crise
religiosa e se pergunta: crença ou descrença – o que é mais saudável?
Para muitos jovens, é
muito complexo conciliar filosofia e religião com os conceitos da ciência; não
conseguem discernir que todas estão em busca da mesma verdade e que,
indistintamente, todas procuram compreender, porém de forma diversa, os
mistérios da vida.
Afirmam algumas pessoas
equivocadas que a melhor fé, hoje, é aquela que difere dos tempos de outrora,
quando a meninada ia aos cultos ou reuniões por imposição familiar e social.
Dizem ainda que é muito mais uma questão de escolha pessoal, pois os jovens
fiéis elegem a própria religião de conformidade com seus desejos e buscas
individuais.
Entretanto, somos de
parecer que não podemos vivenciar a religiosidade como se estivéssemos olhando
para uma prateleira de supermercado ou para um serviço self-service, em que a
criatura escolhe o que mais lhe atrai no momento e segundo seu apetite
caprichoso.
Aceitamos, porém, que a
nova geração tem como uma de suas características a tolerância religiosa, que é
muito bem-vinda nos dias atuais, e que deve elegê-la como traço distintivo e
fundamental nos encontros religiosos de promoção e integração social. Rapazes e
moças vão aos templos ou encontros e lá conhecem outros adolescentes que pensam
como eles. Assim, formam grupos coesos. Assistem às reuniões, estudam juntos,
saem à noite, viajam, se divertem. O lazer fica associado aos movimentos de fé.
Mas precisamos ficar
atentos para não nos transformarmos em adeptos de uma religião personalista que
enseje espaço para a proliferação de crenças estranhas, ditas alternativas,
cujo maior enfoque é o culto ao esdrúxulo, exótico e excêntrico.
Como o advento de etapa
já prevista da evolução terrestre, conhecida como Nova Era ¹, inicia-se um
ciclo de renovadas tendências e necessidades:
“(...) São chegados os
tempos em que as ideias morais devem se desenvolver para cumprir os progressos
que estão nos desígnios de Deus; elas devem seguir o mesmo caminho que as
ideias de liberdade percorreram, e que delas eram precursoras. (...)” ²
As novas gerações não
aceitam ditadores de moral alheia, oradores inflexíveis e dirigentes fanáticos.
Elas possuem uma visão de mundo, implícita na religião, que preconiza o
respeito a si próprio e a seu semelhante; acreditam em Deus como uma força
maravilhosa que controla tudo quando existe ou possa existir, e não em homens,
ditos “santificados”, que dizem ser o cajado nas mãos de Deus para repreender e
encaminhar os “pecadores” e “incrédulos”.
A descrença deixou de
ser um fenômeno reduzido a alguns poucos indivíduos para converter-se em um
fenômeno de massa.
No aspecto religioso,
necessitam os jovens da orientação elucidativa, amiga e bondosa não só dos
pais, mas de líderes religiosos racionais e de professores sensatos que
souberem conquistar a confiança, o respeito e a consideração do adolescente.
Em muitas
circunstâncias, os filhos não aceitam de imediato os princípios religiosos dos
pais. Estes por sua vez se entregam à desesperança e veem cair por terra todos
os seus empenhos e esforços. À primeira vista, os ensinos da família podem
parecer “palavras vãs, sem validade” diante das contestações do adolescente.
Entretanto, a semente, lançada na alma juvenil e cultivada de forma lenta e
constante, na hora certa germinará.
São paradoxais as
atitudes de certos adultos diante da mocidade. Alguns freqüentam os cultos e
estudam os preceitos da religião, mas na vida pessoal nada praticam; fazem
parte do grupo de pessoas que prestam, de forma não intencional, um desserviço
à fé. Outros dizem não ter um fervor religioso, mas revelam uma conduta que
condiz com os valores éticos que apresentam teor fraterno e humanitário.
Essas situações geram
opiniões e pontos de vista sensivelmente contrário aos que foram inicialmente propostos
ao jovem. A partir daí, podemos surgir incerteza, vacilação ou enfraquecimento
moral, e a cresça ficar abalada a ponto de causar prevenção e indiferença aos
princípios religiosos, descrença e abdicação do lenitivo da fé.
A religião não pode ser
por si só incriminada ou condenada pelo que fazem em seu nome os supostos
religiosos, pois jamais podem ser assim considerados os que fazem da fé um
elemento de poderio e exploração.
A religiosidade juvenil
deve ser, antes de tudo, encorajada e estimulada, do que dirigida ou comandada.
Um comentário:
A conduta dos pais é o mais importante pois revela a religião vivenciada e não apenas verbalizada!
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