O
AMOR FORMANDO AUTO-ESTIMA
“Ama a Deus sobre todas as coisas e ao
próximo côo a ti mesmo”, nos orienta Jesus, fornecendo a indicação precisa para
o cultivo da auto-estima: o amor a si mesmo como uma condição para a doação ao
próximo. Não podemos valorizar o outro se não temos conosco a experiência e a
vivência do reconhecimento e da valorização pessoal. Em um outro momento,
disse-nos Jesus: “Vós sois a Luz do mundo, brilhe a vossa Luz”, recordando-nos
a nossa origem divina e que somos Espíritos em processo evolutivo, capazes de
atingir a perfeição. Devemos acreditar na imensa capacidade que temos de reagir
e criar condições de aprimoramento. Convictos das nossas possibilidades de
crescimento e conquistas pessoais, jamais permitiremos o cultivo arraigado da
menor valia e o menosprezo para com nós mesmos. Temos como principal tarefa
fazer a nossa luz brilhar, tornando-nos tudo aquilo que somos potencialmente
capazes. O conhecimento do Evangelho, no qual Jesus nos mostra a grandeza da
espiritualidade de que somos portadores, faz-nos sentir aptos a amar.
Içami Tiba, no seu excelente livro “Quem Ama
Educa”, nos fornece preciosos ensinamentos sobre a auto-estima e a participação
do amor na sua formação:
“A auto-estima começa a se desenvolver numa
pessoa quando ela é ainda um bebê. Os cuidados e os carinhos vão mostrando à
criança que ela é amada e cuidada. Nesse começo de vida, ela está aprendendo
côo é o mundo a sua volta e, conforme se desenvolve, vai descobrindo seu valor
a partir do valor que os outros lhe dão. É quando se forma a auto-estima
essencial.”
A auto-estima continua a se desenvolver
conforme a pessoa se sente segura e capaz de realizar seus desejos e,
futuramente, suas tarefas. É a auto-estima fundamental.
Para os pais, o amor incondicional que sentem
pelos filhos está claro, mas para os filhos nem sempre esse amor é tão claro
assim.
Toda criança se preocupa em agradar à mãe e
ao pai e acredita que ao fazer isso estará garantindo o amor deles. Para ela, o
sorriso de aprovação dos pais é amor, e a reprovação com um olhar sério ou uma
bronca é não-amor.
É importante que fique claro para a criança
que, mesmo que a mãe e o pai reprovem determinadas atitudes dela, o amor que
sentem por ela não está em jogo.
Para que a criança se sinta amada
incondicionalmente é necessário, acima de tudo, que seja respeitada.
Respeitar os filhos significa:
- Dar espaço para que tenham seus próprios
sentimentos, sem, por isso, serem julgados, ajudando a expressá-los de maneira
socialmente aceitável. Não é errado nem feio sentir raiva, o que pode ser reprovado
é a expressão inadequada da raiva, como bater em alguém.
- Aceitá-los como são, mesmo que não
correspondam às expectativas dos pais. Eles precisam ter os próprios sonhos,
pois não nasceram para realizar os dos pais.
- Não os julgar por suas atitudes. Crianças
erram muito, pois é assim que aprendem. Mãe e pai podem e devem julgar as
atitudes, mas não os filhos. Se a atitude for egoísta, o que deve ser mostrado
é o egoísmo, mas não consagrá-la dizendo “você é muito egoísta”. Frases do tipo
“você é terrível” e “você não tem jeito mesmo” ensinam à criança que ela é
egoísta, terrível e não tem jeito mesmo. Portanto, essas “qualificações” passam
a ser sua identidade.
O respeito à criança lhe ensina que ela é
amada não pelo que faz ou tem, mas pelo simples fato de existir. Sentindo-se
amada ela se sentirá segura para realizar seus desejos. Portanto, deixá-la
tentar, errar se ser julgada, ter seu próprio ritmo, descobrir coisas, permite
à criança perceber que consegue realizar algumas conquistas. Falhar não
significa uma catástrofe afetiva. Assim, a criança vai desenvolvendo a auto-estima,
grande responsável por seu crescimento interno e fortalecendo-se para ser
feliz, mesmo que tenha de enfrentar contrariedades.
O que alimenta a auto-estima é sentir-se amado
incondicionalmente e também o prazer que a criança sente de ser capaz de fazer
alguma coisa que dependa só dela. Não o prazer ganho. O filho desenvolve a
auto-estima quando brinca com o que ganhou, interage e cria novas brincadeiras;
guarda o brinquedo dentro de si, sente sua falta e principalmente cuida dele. O
brinquedo ganho adquire, então, significado para ele. Crianças que ganham uma
infinidade de brinquedos que mal conseguem guardar não têm como desenvolver
auto-estima suficiente para gerar felicidade.
O presente, para alimentar a auto-estima do
filho, é aquele que o faz sentir merecedor. Sem dúvida é muito prazeroso para
os pais dar presentes que agradem aos filhos. Todos ficam contentes, os pais
por darem e os filhos por receberem. Mais o princípio educativo é que os filhos
sejam pessoas felizes, e não simplesmente alegres. A alegria é passageira e a
capacidade de ser feliz deve pertencer ao filho. O prazer do “sim” é muito mais
verdadeiro e construtivo quando existe o “não”.
Se uma criança é aprovada porque os pais
contrataram para ela um professor particular, o mérito da aprovação é dos pais.
O filho pode até sentir prazer por ter sido aprovado, mas no fundo sabe que o
mérito não foi todo seu. Isso diminui sua auto-estima. Quando é aprovado porque
estudou e se empenhou, sua auto-estima cresce. Ele adquire responsabilidade. A
auto-estima é a finte interior da felicidade.
Uma dica importante aos pais: quando
proibirem alguma coisa ao filho, encontre outras que ele possa fazer. A simples
proibição é paralisante. Educar é mobilizar a criatividade para o bem comum.
Em suma, é muito importante que os pais
passem para os filhos a certeza de que eles são amados e capazes,
possibilitando, assim, a segurança necessária de que precisarão para enfrentar
os desafios evolutivos da presente encarnação.
A auto-estima deve ser solidificada ao longo
da nossa existência, principalmente na infância. Para tanto, a nossa habilidade
para a comunicação é muito importante e deve ser utilizada em plenitude, nos
diálogos que mantemos com os filhos, nas instruções e nos exemplos que lhes
transmitimos. Tudo, sempre, com um objetivo maior – Amar a Deus sobre todas as
coisas e ao próximo como a si mesmo.
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