AUTORREALIZAÇÃO
DO ADOLESCENTE ATRAVÉS DO AMOR
O amor
é sempre o
alimento essencial da
vida. Em todos
os períodos da existência física e espiritual da criatura
humana, constitui o estímulo e a sustentação dos objetivos enobrecedores, facultando
alegria e propondo
metas elevadas para
serem alcançadas.
Na infância e na adolescência,
representa o mais valioso veículo de auxílio ao desenvolvimento do ser em
formação. O seu poderoso elã dá à vida significado e, nesse período inicial
da existência planetária,
é responsável pelo
equilíbrio do desenvolvimento
emocional e vital.
Embora se
saiba que num corpo jovem encontra‐se um Espírito amadurecido ou iniciante
nas atividades da
evolução, em cada
reencarnação o adormecimento
das suas potencialidades psíquicas e emocionais faculta‐lhe o
desabrochar do Deus interno que
nele jaz, bem
como dos inesgotáveis
recursos que procedem
do Criador e
devem encontrar campo para desenvolvimento.
Graças ao
amor presente ou
ausente na infância
e na juventude,
os futuros cidadãos responderão
aos desafios existenciais,
tornando‐se construtores do bem ou perturbadores da
ordem, porquanto o
caráter é construído
com a afetividade
que amadurece, auxiliando a área do discernimento intelectual para o que
é certo, deixando à margem o que é incorreto. Essa capacidade de distinguir o
que se deve ou não fazer, é decorrência natural da capacidade intelecto‐moral.
A mente apresenta os opostos e os define, mas o sentimento elege aquele ideal
que deve ser vivenciado. Portanto, o amor é força dinâmica da vida a serviço do
equilíbrio universal, e não terá sido por outra razão que o Apóstolo João
afirmou que Deus é amor.
Quando se
ama, adquire‐se compreensão
da vida e
se amadurece, desenvolvendo o
sentido de crescimento fraternal e de solidariedade. Quando porém se
deseja ser amado
apenas, então se
permanece em infância
espiritual, com atraso psicológico na
área da emoção,
que não discerne
os deveres a
serem atendidos, exigindo‐se
direitos aos quais não faz jus. A experiência, portanto, do amor, é relevante
no processo da evolução de todos os seres, especialmente o humano. O amor
aquece o coração e enriquece
a vida, favorecendo
com uma visão
otimista, que transforma
o deserto em jardim e o pântano em pomar.
O adolescente
sabe receber o
amor, no entanto,
pela falta natural
de amadurecimento emocional, nem
sempre sabe direcioná‐lo,
mesmo que o
sinta, em razão da
dificuldade de distinguir
o que se
trata de sensação,
de desejo sexual,
de admiração e arrebatamento, do
verdadeiro sentimento de
afetividade sem exigência, sem agradecimento, sem
dependência.
Não é
uma peculiaridade apenas
do jovem, mas
de muitas criaturas
que avançaram na faixa etária, mas não saíram da infância emocional.
Lentamente, os
sentimentos se vão
definindo no adolescente
e ele passa, através da
socialização, a perceber
o que lhe
agrada aos sentidos
e aquilo que
lhe embeleza a emoção, dando‐lhe firmeza nas decisões, interesse nas definições e eleição nos
postulados que abraça, incluindo as pessoas que o cercam, que constituem os
grupos nos quais se movimenta.
Há inúmeras
motivações para o
amor, que atraem
o jovem necessitado
de compreensão e de paciência, até o momento em que possa definir os
rumos e atividades a desenvolver, de forma a fixar as propostas do sentimento
no íntimo, sem perturbação nem ansiedade.
Os exemplos
de abnegação na família, de desinteresse imediato quando se ama, de dedicação
aos valores de enobrecimento, aos esforços pela conquista dos patamares
elevados da nobreza e do
caráter, constituem emulação para
o jovem resolver‐se pela faculdade de amar, ao invés de
hipertrofiar esse sentimento nas baixas aspirações dos desejos infrenes e
apaixonados que geram dificuldades e escravidão. O adolescente
tem necessidade de
ser aceito pelo
grupo de companheiros, falar‐lhe o mesmo idioma, adotar
os mesmos hábitos, participar dos mesmos desportos, empreender as mesmas
marchas, partilhar os mesmos valores, as metas idênticas. Esse apelo surge
naturalmente e ele é impelido ao meio social quase que por instinto. Se for
seguro emocionalmente, terá facilidade
de adaptação sem
que sofra a
influência determinante do conjunto,
podendo selecionar aquilo
que lhe interessa,
deixando de lado o que se
lhe apresente como destituído
de valor. Se, todavia,
sente‐se desamado, preterido no
lar, prende‐se ao
novo clã, assumindo
uma identidade desconfiada, agressiva e violenta. Noutras
vezes, por timidez, pode evitar a socialização e afastar‐se, alienando‐se.
Quando
vitalizado pelo amor da família, tem facilidade de exteriorizar o mesmo
sentimento, tornando‐se membro ativo
e de
significação no grupo,
face à empatia que desperta
e provoca nos
demais. Nessa fase,
surge‐lhe o que
se denomina estágio operacional formal, no qual começa a
pensar abstratamente, a formular raciocínios em torno do que poderá ser, ao
invés de apenas estar como se apresenta. Surge também o perigo do egocentrismo,
quando o adolescente começa a contestar
os valores dos pais, da
família, da sociedade,
tornando‐se crítico contumaz
de tudo quanto
observa. Amadurecendo, passa para
o desenvolvimento cognitivo,
que faculta a
instalação do amor, que definirá
os rumos da sua identidade social e pessoal. O amor ajuda‐o a tornar‐se independente
da família, isto
é, a ter sua própria
visão do mundo
e dos valores humanos, a
conceituar pessoas e
regimes, estabelecendo as
próprias diretrizes de comportamento. Porque não se trata de um
ato de rebeldia, mas de crescimento, o amor se lhe desenvolve enriquecedor, permitindo‐lhe
a descoberta dos objetivos da vida e os meios
para alcançá‐los, no que se
empenha com afã, atendendo
aos estímulos que lhe brotam
do mundo interior,
das tendências que
o acompanham desde
a reencarnação anterior, impelindo‐o
para o triunfo
sobre as imperfeições
que lhe afeiam
a conduta, enquanto descobre os
altiplanos felizes do bem‐estar emocional, social e espiritual.
A carreira
elegida passa a adquirir uma significação relevante, não importando se ela é
representativa na sociedade ou não, valorizada pela dedicação a que se entrega,
por compreender que
é membro ativo
do conjunto e não pode
falhar, porque isso implicaria em desorganização do meio
onde vive.
Sentimentos antes
não experimentados de
ternura e de
devoção brotam no adolescente, que
se sente atraído
para os ideais
mais expressivos da
humanidade: política,
religião, esportes, ciência,
tecnologia, artes... E
ao eleger aquele
a que se vai
dedicar, o faz com ardor e motivação que o engrandecem, e o definem como um
homem ou uma mulher de bem, candidatos ambos à renovação da sociedade.
A decisão do
adolescente pelos propósitos de elevação da sociedade cria no seu grupo de
companheiros uma aceitação
irrestrita, porque todos
preferem aqueles que são
alegres, joviais, cordatos,
idealistas, que ofereçam
alguma contribuição para
os demais, o que
somente o amor
pode proporcionar. As
dificuldades no relacionamento infantil e
juvenil propõem cidadãos,
no futuro, inquietos,
delinquentes, com sérios distúrbios no ajustamento sexual e
noutras formas de comportamento, como efeito da falta de amor neles mesmos e
nos demais que os não atenderem convenientemente no lar, na escola, no clã de
origem, em razão do seu temperamento instável e desagradável ou motivo outro
qualquer...
O amor, na
adolescência, é o grande definidor de rumos para toda a existência e o único
tesouro que autoplenifica, autorrealiza, modelando uma vida saudável.