Texto que estudaremos no próximo domingo dia 22/03/2015:
Tema: O ADOLESCENTE E O SEU PROJETO DE VIDA
A partir de
Freud o conceito de sexo sofreu uma quase radical transformação. O eminente Pai da Psicanálise procurou demonstrar que
a sexualidade é algo maior do que se lhe atribuía até
então, quando reduzida somente à função sexual. Ficou
estabelecido que a mesma tem muito mais a ver com o
indivíduo no seu conjunto, do que específica e unicamente com o órgão genital, exercendo uma forte influência na personalidade do
ser.
Naturalmente,
houve excesso na proposta em pauta, nos seus primórdios, chegando-se mesmo ao radicalismo, que pretendia ser a vida uma função
totalmente sexual, portanto, perturbadora e conflitiva.
Sempre se teve
como fundamental que a vida sexual tinha origem na puberdade, no entanto, sempre também se constataram casos de manifestações prematuras do sexo, em razão do amadurecimento precoce
das glândulas genésicas.
A Freud coube
a tarefa desafiadora de demonstrar a diferença existente entre a glândula genital, responsável pela função procriadora, e a de
natureza sexual, que se encontra ínsita na criança desde
o seu nascimento, experimentando as naturais
transformações que culminariam na sexualidade do ser
adulto. Ainda, para Freud, a função de natureza sexual é resultado da aglutinação de diversos instintos — heranças naturais do trânsito do
ser pelas fases primárias da vida, nas quais houve
predominância da natureza animal, portanto, instintiva
que se vão transformando, organizando e completando-se até
alcançarem o momento da reprodução, igualmente ligada àquele período inicial da evolução dos seres na Terra.
No transcurso
desse desenvolvimento dos denominados instintos parciais, muitos fatores ocorrem naturalmente, sendo asfixiados,
transferidos psicologicamente, alterados, dando nascimento
a inúmeros conflitos da personalidade. A personalidade,
desse modo, é o resultado de todas essas alterações que
sucedem nas faixas primeiras da vida e que são modificadas, transformadas e orientadas de forma a construir o ser equilibrado.
Trata-se, portanto,
de uma força interior que se desenvolve no ser humano e quase o domina por inteiro, estabelecendo normas de conduta
e de atividade, que o fazem feliz ou desventurado,
saudável ou enfermo.
Para entender
esse mecanismo é indispensável remontar às reencarnações
anteriores por onde deambulou o Espírito, que se torna herdeiro do patrimônio das suas ações, ora atuantes, como desejos, tendências,
manifestações sexuais impulsivas ou controladas.
Houvesse, o
eminente vienense, recuado à ancestralidade do ser imortal, superando o preconceito que lhe hipertrofiava a visão científica,
reduzindo-a, apenas, à matéria, e teria conseguido
eqüacionar de forma mais segura os problemas do sexo e
da sexualidade.
Não obstante,
essa força poderosa é que, de certa forma, influencia a vida, no campo das sensações, levando a resultados emocionais que se
estabelecem no psiquismo e comandam a existência humana que,
mal orientada, pouco difere da animal.
É nesse
período, na adolescência, que se determinam os programas, os projetos de vida que se tornarão realidade, ou não, de acordo com o
estado emocional do jovem.
Convencionou-se
que esses programas existenciais devem ser estruturados
na visão ainda imediatista, isto é, no amealhar de uma fortuna, no desfrutar do conforto material, no adquirir bens, no ter segurança no
trabalho, na liberalidade afetiva, no prazer... Muitos
programas têm sido estabelecidos dentro desses limites,
que pareceram dar certo no passado, mas frustraram pessoas
que se estiolaram na amargura, no desconforto moral, na ansiedade mal contida.
O ser humano
destina-se a patamares mais elevados do que aqueles que norteiam o pensamento materialista, quais sejam, o equilíbrio
interior, o domínio de si mesmo, o idealismo, a harmonia
pessoal, a boa estruturação psicológica, e,
naturalmente, os recursos materiais para tornar esses propósitos
realizáveis.
Para tanto, o
propósito de vida do jovem deve centrar-se na busca do conhecimento, na vivência das disciplinas morais, a fim de
preparar-se para as lutas nem sempre fáceis do processo
evolutivo, na reflexão, também na alegria de viver, nos
prazeres éticos, na recreação, nos quais encontra resistência e renovação para os deveres que são parte integrante do seu processo de
crescimento pessoal.
Somente quem
se dispõe a administrar os desafios, consegue planar acima das vicissitudes, que passam a ter o significado que lhes seja
atribuído. Quando se dá a inversão de metas, ou seja, a
necessidade de gozo e de desfrutar de todas as
comodidades juvenis, antes de equipar-se de valores morais
e de segurança psicológica pelo amadurecimento das experiências e vivências, inevitavelmente o sofrimento, a insatisfação, a
angústia substituem os júbilos momentâneos e vãos.
O
adolescente
atual é Espírito envelhecido, acostumado a realizações, nem sempre meritórias, o que lhe produz anseios e desgostos
aparentemente inexplicáveis, insegurança e medo sem
justificativa, que são remanescentes de sua consciência
de culpa, em razão dos atos praticados, que ora veio reparar, superando os limites e avançando com outro direcionamento pelo
caminho da iluminação interior, que é o essencial
objetivo da vida.
O projeto de
uma vida familiar, de prestígio na sociedade, de realizações no campo de atividades artísticas ou profissionais, religiosas ou
filosóficas, é credor de carinho e de esforço, porque
deve ser fixado nos painéis da mente como desafio a
vencer e não como divertimento a fruir. Todo o esforço, em contínuo exercício de fazer e refazer tarefas; a decisão de não
abandonar o propósito em tela, quando as circunstâncias
não forem favoráveis; o controle dos impulsos que
passarão a ser orientados pela razão, ao invés de encontrarem
campo na agressividade, na violência, no abuso juvenil, constituem
os melhores instrumentos para que se concretize a aspiração e se torne realidade o programa da existência terrena.
O adolescente
está em formação e, naturalmente, possuindo forças que devem ser canalizadas com equilíbrio para que não o transtornem,
necessita de apoio e de discernimento, de orientação
familiar, porque lhe falta a experiência que melhor
ensina os rumos a seguir em qualquer tentame de vida.
Nesse período,
muitos conflitos perturbam o adolescente, quando tem em mira o seu projeto de vida ainda não definido. Surgem-lhe dúvidas
atrozes na área profissional, em relação ao que sente e
ao que dá lucro, ao que aspira e ao que se encontra em
moda, àquilo que gostaria de realizar e ao aspecto social,
financeiro da escolha... Indispensável ter em mente que os valores imediatos sempre são ultrapassados pelas inevitáveis ocorrências
mediatas, que chegarão, surpreendendo o ser com o que
ele é, e não apenas em relação ao que ele tem.
Caracteriza-se
aqui a necessidade da auto-realização em detrimento do imediato possuir, que
nem sempre satisfaz interiormente.
Há muitas
pessoas que têm tudo quanto a vida oferece aos triunfadores materiais, e, no entanto, não se encontram de bem com elas mesmas.
Outrossim, possuem tesouros que trocariam pela saúde; dispõem
de haveres que doariam para fruírem de paz; desfilam nos
carros de ouro dos aplausos e prefeririam as caminhadas
afetivas entre carinho e segurança emocional...
Desse modo, o
projeto existencial do adolescente não pode prescindir da visão espiritual da vida; da realidade transpessoal dele mesmo; das
aspirações do nobre, do bom e do belo, que serão as
realizações permanentes no seu interior,
direcionando-lhe os passos para a felicidade.
Os haveres
chegam e partem, são adquiridos ou perdidos, porém, o que se é, permanece como diretriz de segurança e mecanismo de paz, que
nada consegue perturbar ou modificar.
Para esse
cometimento, a boa orientação sexual faz-se indispensável na fase de afirmação da personalidade do adolescente, como ocorre nos
mais diferentes períodos da vida física.
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