A VIDA SOCIAL DO ADOLESCENTE
No período da adolescência a vida social gira em torno dos fenômenos de
transformação que afetam o comportamento juvenil. Assim, a preferência do jovem é
por outro da mesma faixa etária, os seus jogos são pertinentes às ocorrências que lhe
estão sucedendo no dia‐a‐dia. Há uma abrupta mudança de interesses, e portanto, de
companhias, que se tornam imperiosos para a formação e definição da sua
personalidade. Não mais ele se compraz nos encantamentos anteriores, nas coleções
infantis que lhe eram agradáveis, nem tampouco nas aspirações que antes o
mantinham preso ao lar, ao estudo ou aos esportes até então preferidos.
É certo que existem grandes exceções, porém, o normal é a alteração de conduta
social, face à necessidade de afirmação da masculinidade ou feminilidade, do
descobrimento das ocorrências que o afetam e de como orientar o rumo das aspirações
que agora lhe povoam o pensamento.
A sua socialização depende, de alguma forma, de relativa independência dos
pais, de ajustamento à maturação sexual e dos relacionamentos cooperativos com os
novos amigos que atravessam o mesmo estágio.
Para conseguir esse desafio, o jovem tem necessidade de programar e desenvolver
uma forma de filosofia de vida, que o levará à descoberta da própria identidade. Para
esse desenvolvimento ele necessita saber quem é e o que deve fazer, de modo que se
possa empenhar na realização do novo projeto existencial.
Os pais, por sua vez, não devem impedir esse processo de libertação parcial,
contribuindo mesmo para que o jovem encontre aquilo a que aspira, porém de forma
indireta, através de diálogos tranquilos e amigos, sem a superioridade habitual
característica da idade, facultando mais ampla visão em torno do que pode ser melhor
para o desenvolvimento do filho, que deve caminhar independente, libertando‐se do
cordão umbilical restritivo.
Esse fenômeno é inevitável e qualquer tentativa de restrição resulta em desastre
no relacionamento, o que é bastante inconveniente. Os pais devem compreender que a
sua atitude agora é de companheirismo, cuja experiência deve ser posta a serviço do
educando de forma gentil e atualizada, porque cada tempo tem as suas próprias
exigências, não sendo compatível com o fenômeno do progresso o paralelismo entre o
passado e o presente, desde que são muito diferentes as imposições existenciais de
O desenvolvimento social do jovem é de relevante significado para toda a sua
vida, porquanto, aqueles que não conseguem o empreendimento derrapam no uso do
álcool, das drogas, na delinquência, como fuga da sua realidade conflitiva. Um grande
número de adolescentes, no entanto, que têm dificuldade dessa realização, quando
bem direcionados conseguem, embora com esforço, plenificar‐se no grupo social.
Todos aqueles que ficaram na retaguarda correm o risco de percorrer as trilhas do
desequilíbrio, do vício, da criminalidade.
Esse desenvolvimento deve ser acompanhado de uma alta dose de autoconfiança,
que começa com a gradual libertação da dependência dos pais, antes encarregados de
todas as atitudes e definições, que agora vão sendo direcionadas pelo próprio
educando, naturalmente sob a vigilância gentil dos genitores, para que amadureça nas
suas aspirações sexuais seguras, na preferência pelos companheiros mais saudáveis e
dignos, na identificação do eu profundo, do que quer da vida e como irá conseguir. A
vocação começa a aparecer nessa fase, levando o jovem a integrar‐se no seu mundo,
onde lhe é possível desenvolver o que aspira, sem o constrangimento de atender a uma
profissão que foi estabelecida pelos genitores sem que ele tenha qualquer tendência ou
afinidade para com a mesma.
A questão da independência do jovem no contexto doméstico, nesse período, não
é simples, porque a família dá segurança e compensação, trabalhando, no entanto,
embora de forma inconsciente, para que ele perca a oportunidade de definir a
personalidade, tornando‐se parasita do lar, peso inevitável na economia da sociedade
que dele espera esforço e luta para o contínuo crescimento.
Nesse sentido, outra dificuldade consiste na seleção dos amigos, particularmente
quando estes se apresentam como modelos pré‐fabricados pela mídia: musculosos,
exibicionistas, sem aspirações relevantes, sensuais e vazios de significado psicológico,
de sentido existencial. Outras vezes, enxameiam aqueles que se impõem pela violência
e parecem desfrutar de privilégios conseguidos mediante a prostituição dos valores
éticos pelos comportamentos alienados. Ou ainda através da cultura underground,
promíscua e venal, que se faz exibida por líderes de massas, totalmente destituídos de
objetivos reais, assumindo posturas e comportamentos exóticos, que chamam a
atenção para esconder a ausência de outros requisitos e que conspiram contra o
desenvolvimento da própria sociedade.
São apresentados pela mídia como espécimes estranhos da fauna humana,
atormentados e agressivos, produzindo resultados satisfatórios, porque oferecem
renda financeira aos promotores dos espetáculos da insensatez... Tornam‐se ridículos
e perdem o senso do equilíbrio, caricatos e irreverentes, em tristes processos
psicopatológicos ou vitimados por estranhas obsessões que os atormentam sem
Os pais sempre desempenharão papel relevante na vida dos filhos,
particularmente no momento da sua socialização. Se forem pessoas sociáveis,
equilibradas, portadoras de bons relacionamentos humanos, vão‐se tornar
paradigmas de segurança para os filhos que, igualmente acostumados ao sentido de
harmonia e de felicidade doméstica, elegerão aquelas que lhes sejam semelhantes e
formarão o seu grupo dentro dos mesmos padrões familiares, ressalvados os
Todo jovem aprecia ser amado pelos pais e desfruta essa afetividade com muito
maior intensidade do que demonstra, constituindo‐lhe segurança, que passa adiante
em forma de relacionamento social agradável. Quando o convívio no lar é
caracterizado pelos atritos e discussões sem sentido, a sua visão é de que a sociedade
padece da mesma hipertrofia de sentimentos, armando‐se de forma a evitar‐lhe a
interferência nos seus interesses e buscas de realização pessoal. Em consequência,
torna‐se hostil à socialização, em virtude das lembranças desagradáveis que conserva
do grupo familiar, que passa, na sua imaginação, como sendo semelhante ao meio
social que irá enfrentar.
O jovem é convidado, por si mesmo, à demanda de transformar‐se em um adulto
capaz, que enfrente as situações difíceis com equilíbrio, que inspire confiança, que
seja portador de uma autoimagem positiva. Mesmo quando se torna independente dos
progenitores, preserva a satisfação de saber‐se amado e acompanhado a distância,
tendo a tranquilidade da certeza que a sua existência não é destituída de sentido
humano nem de valor positivo para a sociedade.
Se isso não ocorre, ele faz‐se competitivo, desagradável, mesquinho e inseguro,
buscando outros equivalentes que passam a agrupar‐se em verdadeiras hordas,
porque o fenômeno da socialização continua em predominância na sua natureza,
somente que, agora, de forma negativa.
A socialização do jovem é um processo de longo curso, que se inicia na infância e
deve ser acompanhada com muito interesse e cuidado, a fim de que, na adolescência,
esse desenvolvimento não se faça traumático nem desequilibrante.
Fonte de Pesquisa: Franco, Divaldo P., pelo espírito Joana de Angelis. Adolescência e Vida. Disponível em
http://www.luzespirita.org.br/leitura/pdf/L102.pdf. Capturado em 22/05/2012.
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