Texto que estudaremos no
próximo domingo dia 24/05/2015:
Tema: A
VIDA SOCIAL DO ADOLESCENTE
No período da adolescência
a vida social gira em torno dos fenômenos de transformação que afetam o
comportamento juvenil. Assim, a preferência do jovem é por outro da mesma faixa
etária, os seus jogos são pertinentes às ocorrências que lhe estão sucedendo no
dia‐a‐dia. Há uma abrupta
mudança de interesses, e portanto, de companhias, que se tornam imperiosos para
a formação e definição da sua personalidade. Não mais ele se compraz nos
encantamentos anteriores, nas coleções infantis que lhe eram agradáveis, nem
tampouco nas aspirações que antes o mantinham preso ao lar, ao estudo ou aos
esportes até então preferidos.
É certo que existem
grandes exceções, porém, o normal é a alteração de conduta social, face à
necessidade de afirmação da masculinidade ou feminilidade, do descobrimento das
ocorrências que o afetam e de como orientar o rumo das aspirações que agora lhe
povoam o pensamento.
A sua socialização
depende, de alguma forma, de relativa independência dos pais, de ajustamento à
maturação sexual e dos relacionamentos cooperativos com os novos amigos que
atravessam o mesmo estágio.
Para conseguir esse
desafio, o jovem tem necessidade de programar e desenvolver uma forma de
filosofia de vida, que o levará à descoberta da própria identidade. Para esse
desenvolvimento ele necessita saber quem é e o que deve fazer, de modo que se
possa empenhar na realização do novo projeto existencial.
Os pais, por sua vez, não
devem impedir esse processo de libertação parcial, contribuindo mesmo para que
o jovem encontre aquilo a que aspira, porém de forma indireta, através de
diálogos tranquilos e amigos, sem a superioridade habitual característica da
idade, facultando mais ampla visão em torno do que pode ser melhor para o
desenvolvimento do filho, que deve caminhar independente, libertando‐se do cordão umbilical
restritivo.
Esse fenômeno é inevitável
e qualquer tentativa de restrição resulta em desastre no relacionamento, o que
é bastante inconveniente. Os pais devem compreender que a sua atitude agora é
de companheirismo, cuja experiência deve ser posta a serviço do educando de
forma gentil e atualizada, porque cada tempo tem as suas próprias exigências,
não sendo compatível com o fenômeno do progresso o paralelismo entre o passado
e o presente, desde que são muito diferentes as imposições existenciais de cada
época.
O desenvolvimento social
do jovem é de relevante significado para toda a sua vida, porquanto, aqueles
que não conseguem o empreendimento derrapam no uso do álcool, das drogas, na
delinquência, como fuga da sua realidade conflitiva. Um grande número de
adolescentes, no entanto, que têm dificuldade dessa realização, quando bem direcionados
conseguem, embora com esforço, plenificar‐se no grupo social. Todos aqueles que ficaram na retaguarda correm
o risco de percorrer as trilhas do desequilíbrio, do vício, da criminalidade.
Esse desenvolvimento deve
ser acompanhado de uma alta dose de autoconfiança, que começa com a gradual
libertação da dependência dos pais, antes encarregados de todas as atitudes e
definições, que agora vão sendo direcionadas pelo próprio educando,
naturalmente sob a vigilância gentil dos genitores, para que amadureça nas suas
aspirações sexuais seguras, na preferência pelos companheiros mais saudáveis e
dignos, na identificação do eu profundo, do que quer da vida e como irá conseguir.
A vocação começa a aparecer nessa fase, levando o jovem a integrar‐se no seu mundo, onde lhe
é possível desenvolver o que aspira, sem o constrangimento de atender a uma
profissão que foi estabelecida pelos genitores sem que ele tenha qualquer tendência
ou afinidade para com a mesma.
A questão da independência
do jovem no contexto doméstico, nesse período, não é simples, porque a família
dá segurança e compensação, trabalhando, no entanto, embora de forma
inconsciente, para que ele perca a oportunidade de definir a personalidade,
tornando‐se parasita do lar, peso
inevitável na economia da sociedade que dele espera esforço e luta para o
contínuo crescimento.
Nesse sentido, outra
dificuldade consiste na seleção dos amigos, particularmente quando estes se
apresentam como modelos pré‐fabricados pela mídia: musculosos, exibicionistas, sem aspirações
relevantes, sensuais e vazios de significado psicológico, de sentido
existencial. Outras vezes, enxameiam aqueles que se impõem pela violência e
parecem desfrutar de privilégios conseguidos mediante a prostituição dos
valores éticos pelos comportamentos alienados. Ou ainda através da cultura underground,
promíscua e venal, que se faz exibida por líderes de massas, totalmente destituídos
de objetivos reais, assumindo posturas e comportamentos exóticos, que chamam a
atenção para esconder a ausência de outros requisitos e que conspiram contra o
desenvolvimento da própria sociedade.
São apresentados pela
mídia como espécimes estranhos da fauna humana, atormentados e agressivos,
produzindo resultados satisfatórios, porque oferecem renda financeira aos
promotores dos espetáculos da insensatez... Tornam‐se ridículos e perdem o
senso do equilíbrio, caricatos e irreverentes, em tristes processos psicopatológicos
ou vitimados por estranhas obsessões que os atormentam sem termo...
Os pais sempre
desempenharão papel relevante na vida dos filhos, particularmente no momento da
sua socialização. Se forem pessoas sociáveis, equilibradas, portadoras de bons
relacionamentos humanos, vão‐se tornar paradigmas de segurança para os filhos que, igualmente
acostumados ao sentido de harmonia e de felicidade doméstica, elegerão aquelas
que lhes sejam semelhantes e formarão o seu grupo dentro dos mesmos padrões
familiares, ressalvados os interesses da idade.
Todo jovem aprecia ser
amado pelos pais e desfruta essa afetividade com muito maior intensidade do que
demonstra, constituindo‐lhe segurança, que passa adiante em forma de relacionamento social
agradável. Quando o convívio no lar é caracterizado pelos atritos e discussões
sem sentido, a sua visão é de que a sociedade padece da mesma hipertrofia de
sentimentos, armando‐se de forma a evitar‐lhe a interferência nos seus interesses e buscas de realização
pessoal. Em consequência, torna‐se hostil à socialização, em virtude das lembranças desagradáveis
que conserva do grupo familiar, que passa, na sua imaginação, como sendo
semelhante ao meio social que irá enfrentar.
O jovem é convidado, por
si mesmo, à demanda de transformar‐se em um adulto capaz, que enfrente as situações difíceis com
equilíbrio, que inspire confiança, que seja portador de uma autoimagem
positiva. Mesmo quando se torna independente dos progenitores, preserva a
satisfação de saber‐se amado e acompanhado a distância, tendo a tranquilidade da
certeza que a sua existência não é destituída de sentido humano nem de valor
positivo para a sociedade.
Se isso não ocorre, ele
faz‐se competitivo,
desagradável, mesquinho e inseguro, buscando outros equivalentes que passam a
agrupar‐se em verdadeiras hordas,
porque o fenômeno da socialização continua em predominância na sua natureza,
somente que, agora, de forma negativa.
A socialização do jovem é
um processo de longo curso, que se inicia na infância e deve ser acompanhada
com muito interesse e cuidado, a fim de que, na adolescência, esse
desenvolvimento não se faça traumático nem desequilibrante.
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