Texto que estudaremos no
próximo domingo dia 13/09/2015:
Tema: DELEGANDO
COMPETÊNCIAS: QUANDO, COMO E COM QUEM ESTABELECER PARCERIAS
Decidir qual a melhor forma de educar
os filhos vem sendo foco de atenção dos pais, que se vêem sem um caminho seguro
a seguir, por se encontrarem indecisos entre a herança de uma educação
repressora e a introdução de uma postura liberal por parte de algumas correntes
psicopedagógicas, por vezes mal difundidas e interpretadas. O desafio
encontra-se em optar pelo caminho do meio, ou seja, em uma postura educacional
que busque conciliar os aspectos positivos da educação conservadora e os da
liberal, através de uma conduta amorosa, mas firme, na qual a liberdade e a
disciplina, o amor e a instrução formem as bases necessárias a uma educação bem
orientada.
Por justamente emergirem
contextualmente de correntes educacionais conflitantes (repressão anterior aos
anos 60/70 x liberalismo pós 60/70), os pais atualmente parecem despreparados,
inseguros, podendo vir a agir de forma incoerente ou chegam, até mesmo, a fugir
de suas responsabilidades, atuando de forma que oscila entre permissiva,
indiferente ou autoritária.
Temendo assumir os riscos resultantes
da responsabilidade de se educar um filho, pois, na realidade, trata-se de uma
tarefa difícil para os dias atuais por requerer contínuo esforço, disciplina e
dedicação muitos pais “delegam” a terceiros, obrigações e até prazeres que lhes
são próprios. Exemplifiquemos os casos de algumas adoções parciais ou
definitivas de crianças por parte de avós, parentes ou até estranhos. Perdem os
pais, portanto, por ação ou omissão, o controle, a autoridade e em
conseqüência, a satisfação e a oportunidade de crescimento proporcionadas pela
maternidade ou paternidade bem exercidas.
Muitas vezes ocorre, também, que os
pais não delegam suas atribuições, mas ficam “à deriva” na relação com os
filhos, e, quando se vêem enredados em problemas, atribuem, geralmente, a culpa
a terceiros (à escola, por exemplo) ou esperam por ajuda rápida e milagrosa
(psicólogos, centros espíritas). Isso não significa dizer que não se deve
buscar ajuda ou compartilhar dificuldades, mas saber discriminar quando
realmente devemos buscar ajuda e parcerias ou quando estamos projetando ou
delegando responsabilidades que nos são próprias.
Discutiremos, brevemente, a seguir,
algumas das situações mais comuns de “delegação de competências” para maior
clareza e reflexão:
A
Escola:
É uma das práticas mais comuns pais que acreditam possuir a escola total
responsabilidade pela educação dos filhos. São, geralmente, pais que possuem as
seguintes características, isoladas ou em conjunto: permissividade e/ou
superproteção, baixa participação nas atividades escolares, baixo ou
contraditoriamente alto nível de informação e senso crítico (os que muito
cobram e nada fazem), ou, simplesmente, omissos. Deve-se lembrar que o
principal objetivo da escola é fornecer condições que facilitem o
desenvolvimento do processo de aprendizagem cognitiva, social e psicológica de
seus alunos, somente. A educação integral, de responsabilidade da família,
agrega, além dessas áreas, a condução moral e espiritual da criança. A Escola,
portanto, possui limites e deve educar com os pais e não pelos pais. Os pais
devem não somente cobrar resultados da Escola mas também participar ativa e
democraticamente de sua obtenção. Bem como a escola não deve eximir-se de sua
responsabilidade e importante papel na construção da personalidade e do saber
do aluno. Ambos, Escola e pais, devem ter bem clara essa divisão de papéis,
para que não haja invasões indevidas ou omissões descabidas, pois, nesse “jogo
de empurra”, o prejuízo fica sempre para a parte mais fraca: o aluno.
O
Centro Espírita:
O ideal seria se realizasse um papel preventivo, coadjuvando os pais na
evangelização de seus filhos e na sua própria. Isso, porém, não os impede de
buscar ajuda nas situações aflitivas. O perigo consiste em tal atitude
tornar-se uma relação de dependência, na qual os pais passem a acreditar que a
origem e solução dos seus problemas e os de seus filhos encontram-se em fatores
exclusivamente espirituais. O espiritismo, em seus ensinamentos, nos adverte
que, para que haja desarmonia espiritual, certamente uma causa psicológica ou
moral atual a desencadeou, mesmo que tenha suas bases em fatos pretéritos.
Devemos procurar, então, buscar no exame criterioso de nossos atos, onde
ocorreu a ruptura, onde falhamos ou nos omitimos para, em seguida, procurar
auxílio e abrigo certos, seja no culto evangélico ou nos mecanismos ou
fenômenos espirituais.
Terapeutas
da Mente (psicólogos, psiquiatras etc): Por ausência de informação ou
resistência, muitas vezes nos recusamos a buscar esse tipo de ajuda por temer a
dor ou o fracasso, esquecendo que ambos fazem parte do processo de crescimento
humano. O reconhecimento de nossa falibilidade e o desejo de acertar, muitas
vezes, podem nos levar a procurar esse tipo de ajuda, onde o mesmo raciocínio
se aplicaria ao auxílio espiritual. Buscar auxílio para o esclarecimento de
nossas aflições e suas resoluções é sinal de coragem e compromisso com a vida.
O problema está em utilizar um raciocínio oposto ao item anterior, ou seja, em
gerar dependência e adiamentos de uma problemática interior que não deve estar
alheia aos nossos compromissos espirituais. Em outras palavras: não se deve
privilegiar o psicológico em detrimento do espiritual e vice-versa. Ambos são
vias que se interligam constantemente, ficando difícil, às vezes, saber onde um
começa e o outro termina. Torna-se premente a confluência e constante atenção
desses aspectos para que possamos realmente assumir o controle de nossas vidas
e da educação de nossos filhos.
Avós,
Parentes ou Pais substitutos/adotivos: Trata-se de um assunto delicado por
poder provocar falsas interpretações. Quando um ser nasce em determinada
família, sob a responsabilidade de determinado pai ou mãe, a primeira idéia que
se tem é de que esses estão aptos para fazê-lo. E muitas vezes o estão, ou não.
Acontece que, por dificuldades que lhes são próprias, mas não definitivas,
cujas origens muitas vezes são de ordem espirituais, alguns pais (ou somente um
deles) podem se encontrar momentaneamente despreparados para o desempenho de
tal função. Nesses casos, o ideal seria a transferência, momentânea ou
definitiva, dessa tarefa para pessoas idôneas e preparadas para tal, pois o que
realmente importa é a saúde mental e física da criança.
Em contrapartida, caso o impedimento
dos pais seja somente de ordem material ou financeira, uma boa solução seria
ajudá-los, por quem de interesse e condições, possibilitando à criança a
permanência em sua família de origem. Os desígnios divinos nunca erram. Nunca é
à toa que determinado pai ou mãe recebe um filho em seus braços, pois eles
sempre têm algo a trocar, nem que seja apenas a permuta de fluidos durante a
gravidez. “É pela faixa de necessidades e merecimentos que se projetará seu
berço”. Então, ao se “retirar” um filho dos braços de uma mãe ou de um pai,
seria interessante ponderar-se, se não estaremos desrespeitando uma relação que
deveria ser mantida e auxiliada.
A adoção, quando realizada por amor,
destituída de qualquer propósito egoísta, é sublime e necessária somente nos
casos de aceitação completa por parte dos pais biológicos, ou no caso de
comprovado impedimento por parte desses. Não nos esqueçamos de ouvir
principalmente a criança, caso essa possa se expressar. Ela tem o direito de
conhecer a verdade e opinar sobre o seu destino. Não é à toa que presenciamos
tantos casos de adultos adotados, angustiados ou revoltados, por desconhecerem
ou haverem sido separados de suas origens.
Quanto aos avôs, esses devem
disponibilizar sua experiência e amor em favor dos filhos e netos, devendo
tornar-se “fonte segura para pais inseguros”, devem ser respeitados em sua
experiência e valiosa contribuição no fortalecimento dos laços afetivos da
família, por representarem o elo entre o passado e o presente. Precisamos estar
atentos, porém, pois muitas vezes a maturidade não transforma as mentes,
podendo fazê-los repetir ou estender excessos através da superproteção,
destituindo ou fazendo oposição à autoridade dos pais e trazendo nocivas
influências à educação da criança e ao amadurecimento dos pais.
O amor e a orientação devem partir de
fontes seguras e confiáveis, independente de sua origem, mas torna-se
fundamental, para o próprio equilíbrio da criança, limitar papéis, nunca
devendo subtrair dos pais suas reais responsabilidades e possibilidades de
crescimento. Aprende-se a ser pais, sendo pais.
Em resumo,
devemos compreender que cabe aos pais a tarefa de ser pais, reservando a
terceiros a ajuda, a complementação dos espaços que ficaram vazios ou mal
preenchidos. Somente em casos de completa ausência de condições de fazê-lo,
deve-se delegar tal responsabilidade, desde que o principal interessado, que é
a criança, seja respeitada no seu direito de nascer, crescer e se desenvolver
da forma mais sadia, livre e feliz possível.
Fonte de Pesquisa: Carneiro, Tânia Maria Farias e Barreto, Eryka Florenice Pinheiro
(organizadoras). Guia Útil dos Pais
– Uma Abordagem Educacional Espírita – 2ª Edição – Fortaleza – CE: Edições GEPE
– Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004. (Área de Ensino). 187 a 191p.
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