quarta-feira, 9 de setembro de 2015

ESTUDO DO DIA 13/09/2015 – DELEGANDO COMPETÊNCIAS: QUANDO, COMO E COM QUEM ESTABELECER PARCERIAS

Texto que estudaremos no próximo domingo dia 13/09/2015:

Tema: DELEGANDO COMPETÊNCIAS: QUANDO, COMO E COM QUEM ESTABELECER PARCERIAS
Decidir qual a melhor forma de educar os filhos vem sendo foco de atenção dos pais, que se vêem sem um caminho seguro a seguir, por se encontrarem indecisos entre a herança de uma educação repressora e a introdução de uma postura liberal por parte de algumas correntes psicopedagógicas, por vezes mal difundidas e interpretadas. O desafio encontra-se em optar pelo caminho do meio, ou seja, em uma postura educacional que busque conciliar os aspectos positivos da educação conservadora e os da liberal, através de uma conduta amorosa, mas firme, na qual a liberdade e a disciplina, o amor e a instrução formem as bases necessárias a uma educação bem orientada.
Por justamente emergirem contextualmente de correntes educacionais conflitantes (repressão anterior aos anos 60/70 x liberalismo pós 60/70), os pais atualmente parecem despreparados, inseguros, podendo vir a agir de forma incoerente ou chegam, até mesmo, a fugir de suas responsabilidades, atuando de forma que oscila entre permissiva, indiferente ou autoritária.
Temendo assumir os riscos resultantes da responsabilidade de se educar um filho, pois, na realidade, trata-se de uma tarefa difícil para os dias atuais por requerer contínuo esforço, disciplina e dedicação muitos pais “delegam” a terceiros, obrigações e até prazeres que lhes são próprios. Exemplifiquemos os casos de algumas adoções parciais ou definitivas de crianças por parte de avós, parentes ou até estranhos. Perdem os pais, portanto, por ação ou omissão, o controle, a autoridade e em conseqüência, a satisfação e a oportunidade de crescimento proporcionadas pela maternidade ou paternidade bem exercidas.
Muitas vezes ocorre, também, que os pais não delegam suas atribuições, mas ficam “à deriva” na relação com os filhos, e, quando se vêem enredados em problemas, atribuem, geralmente, a culpa a terceiros (à escola, por exemplo) ou esperam por ajuda rápida e milagrosa (psicólogos, centros espíritas). Isso não significa dizer que não se deve buscar ajuda ou compartilhar dificuldades, mas saber discriminar quando realmente devemos buscar ajuda e parcerias ou quando estamos projetando ou delegando responsabilidades que nos são próprias.
Discutiremos, brevemente, a seguir, algumas das situações mais comuns de “delegação de competências” para maior clareza e reflexão:
A Escola: É uma das práticas mais comuns pais que acreditam possuir a escola total responsabilidade pela educação dos filhos. São, geralmente, pais que possuem as seguintes características, isoladas ou em conjunto: permissividade e/ou superproteção, baixa participação nas atividades escolares, baixo ou contraditoriamente alto nível de informação e senso crítico (os que muito cobram e nada fazem), ou, simplesmente, omissos. Deve-se lembrar que o principal objetivo da escola é fornecer condições que facilitem o desenvolvimento do processo de aprendizagem cognitiva, social e psicológica de seus alunos, somente. A educação integral, de responsabilidade da família, agrega, além dessas áreas, a condução moral e espiritual da criança. A Escola, portanto, possui limites e deve educar com os pais e não pelos pais. Os pais devem não somente cobrar resultados da Escola mas também participar ativa e democraticamente de sua obtenção. Bem como a escola não deve eximir-se de sua responsabilidade e importante papel na construção da personalidade e do saber do aluno. Ambos, Escola e pais, devem ter bem clara essa divisão de papéis, para que não haja invasões indevidas ou omissões descabidas, pois, nesse “jogo de empurra”, o prejuízo fica sempre para a parte mais fraca: o aluno.
O Centro Espírita: O ideal seria se realizasse um papel preventivo, coadjuvando os pais na evangelização de seus filhos e na sua própria. Isso, porém, não os impede de buscar ajuda nas situações aflitivas. O perigo consiste em tal atitude tornar-se uma relação de dependência, na qual os pais passem a acreditar que a origem e solução dos seus problemas e os de seus filhos encontram-se em fatores exclusivamente espirituais. O espiritismo, em seus ensinamentos, nos adverte que, para que haja desarmonia espiritual, certamente uma causa psicológica ou moral atual a desencadeou, mesmo que tenha suas bases em fatos pretéritos. Devemos procurar, então, buscar no exame criterioso de nossos atos, onde ocorreu a ruptura, onde falhamos ou nos omitimos para, em seguida, procurar auxílio e abrigo certos, seja no culto evangélico ou nos mecanismos ou fenômenos espirituais.
Terapeutas da Mente (psicólogos, psiquiatras etc): Por ausência de informação ou resistência, muitas vezes nos recusamos a buscar esse tipo de ajuda por temer a dor ou o fracasso, esquecendo que ambos fazem parte do processo de crescimento humano. O reconhecimento de nossa falibilidade e o desejo de acertar, muitas vezes, podem nos levar a procurar esse tipo de ajuda, onde o mesmo raciocínio se aplicaria ao auxílio espiritual. Buscar auxílio para o esclarecimento de nossas aflições e suas resoluções é sinal de coragem e compromisso com a vida. O problema está em utilizar um raciocínio oposto ao item anterior, ou seja, em gerar dependência e adiamentos de uma problemática interior que não deve estar alheia aos nossos compromissos espirituais. Em outras palavras: não se deve privilegiar o psicológico em detrimento do espiritual e vice-versa. Ambos são vias que se interligam constantemente, ficando difícil, às vezes, saber onde um começa e o outro termina. Torna-se premente a confluência e constante atenção desses aspectos para que possamos realmente assumir o controle de nossas vidas e da educação de nossos filhos.
Avós, Parentes ou Pais substitutos/adotivos: Trata-se de um assunto delicado por poder provocar falsas interpretações. Quando um ser nasce em determinada família, sob a responsabilidade de determinado pai ou mãe, a primeira idéia que se tem é de que esses estão aptos para fazê-lo. E muitas vezes o estão, ou não. Acontece que, por dificuldades que lhes são próprias, mas não definitivas, cujas origens muitas vezes são de ordem espirituais, alguns pais (ou somente um deles) podem se encontrar momentaneamente despreparados para o desempenho de tal função. Nesses casos, o ideal seria a transferência, momentânea ou definitiva, dessa tarefa para pessoas idôneas e preparadas para tal, pois o que realmente importa é a saúde mental e física da criança.
Em contrapartida, caso o impedimento dos pais seja somente de ordem material ou financeira, uma boa solução seria ajudá-los, por quem de interesse e condições, possibilitando à criança a permanência em sua família de origem. Os desígnios divinos nunca erram. Nunca é à toa que determinado pai ou mãe recebe um filho em seus braços, pois eles sempre têm algo a trocar, nem que seja apenas a permuta de fluidos durante a gravidez. “É pela faixa de necessidades e merecimentos que se projetará seu berço”. Então, ao se “retirar” um filho dos braços de uma mãe ou de um pai, seria interessante ponderar-se, se não estaremos desrespeitando uma relação que deveria ser mantida e auxiliada.
A adoção, quando realizada por amor, destituída de qualquer propósito egoísta, é sublime e necessária somente nos casos de aceitação completa por parte dos pais biológicos, ou no caso de comprovado impedimento por parte desses. Não nos esqueçamos de ouvir principalmente a criança, caso essa possa se expressar. Ela tem o direito de conhecer a verdade e opinar sobre o seu destino. Não é à toa que presenciamos tantos casos de adultos adotados, angustiados ou revoltados, por desconhecerem ou haverem sido separados de suas origens.
Quanto aos avôs, esses devem disponibilizar sua experiência e amor em favor dos filhos e netos, devendo tornar-se “fonte segura para pais inseguros”, devem ser respeitados em sua experiência e valiosa contribuição no fortalecimento dos laços afetivos da família, por representarem o elo entre o passado e o presente. Precisamos estar atentos, porém, pois muitas vezes a maturidade não transforma as mentes, podendo fazê-los repetir ou estender excessos através da superproteção, destituindo ou fazendo oposição à autoridade dos pais e trazendo nocivas influências à educação da criança e ao amadurecimento dos pais.
O amor e a orientação devem partir de fontes seguras e confiáveis, independente de sua origem, mas torna-se fundamental, para o próprio equilíbrio da criança, limitar papéis, nunca devendo subtrair dos pais suas reais responsabilidades e possibilidades de crescimento. Aprende-se a ser pais, sendo pais.
Em resumo, devemos compreender que cabe aos pais a tarefa de ser pais, reservando a terceiros a ajuda, a complementação dos espaços que ficaram vazios ou mal preenchidos. Somente em casos de completa ausência de condições de fazê-lo, deve-se delegar tal responsabilidade, desde que o principal interessado, que é a criança, seja respeitada no seu direito de nascer, crescer e se desenvolver da forma mais sadia, livre e feliz possível.
 


Fonte de Pesquisa: Carneiro, Tânia Maria Farias e Barreto, Eryka Florenice Pinheiro (organizadoras). Guia Útil dos Pais – Uma Abordagem Educacional Espírita – 2ª Edição – Fortaleza – CE: Edições GEPE – Grupo Espírita Paulo e Estevão, 2004. (Área de Ensino). 187 a 191p.
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