A CORDIALIDADE
Todos
sabemos o quanto é agradável tratar e conviver com pessoas educadas. Não se
trata aqui daquela educação superficial, mecânica, que comumente existe em
pessoas que tentam encobrir o seu grande vazio interior. Falamos sobre pessoas
que possuem a alegria, a paz e o amor dentro de si e expressam esses estados da
alma sob a forma de gestos, palavras e atitudes fraternas que sinalizam sua
superioridade moral. São pessoas que descobriram alguns dos talentos divinos
fornecidos a nós por imensa misericórdia divina.
Por
diversas ocasiões lembramos aqui a importância do exemplo por parte dos pais na
transmissão de ensinamentos nobres na educação de seus filhos. Como também, que
servimos de modelo aos nossos filhos não somente nas grandes, mas
principalmente nas pequenas atitudes, expressadas quotidianamente no nosso
comportamento enquanto cidadãos do mundo.
Apesar
de seu limitado uso, as famosas “palavras mágicas” sempre abriram e continuarão
abrindo as portas do mundo material e
espiritual. Expressões como “bom-dia, boa-tarde, boa-noite, por favor,
obrigado, por nada, desculpe-me, perdoe-me, com licença, pois não”... dentre
uma infinidade de expressões, podem e devem fazer parte do vocabulário
familiar. A palavra tem um enorme poder juntamente com o pensamento que a
gesta. Ela eleva ou destrói, a quem ouve e a quem fala, se formos invigilantes.
Como diria o Espírito Miramez (1, pág. 13): ”A palavra educada é o alvorecer da
luz no coração. Se conversares somente assuntos construtivos, a tua aura se
enriquecerá com a policromia divina, criando em torno de ti uma defesa
individual, certamente ajudando a quem te ouve, no mesmo sentido. E se falares
coisas incompatíveis coma a moral evangélica, profanarás a tua própria
atmosfera energética, deixando o ladrão assaltar-te, como fantasma da
inquietação. E ainda ombrearás com a responsabilidade dos danos causados pela
tua sugestão inferior aos que te ouvem”.
Busquemos,
portanto, afastarmo-nos da maledicência, dos insultos da ingratidão, da
covardia, do desânimo, do egoísmo, da intolerância que tanto caracterizaram a
incivilidade e a inferioridade espiritual. Comecemos inicialmente a disciplinar
nossa própria conduta através da nossa fala e gestos e, posteriormente,
eduquemos os nossos pensamentos. Não se engane, a criança reflete o que vê. Se
nós reprovamos a conduta incivilizada de nosso filho, podemos estar reprovando
a nós mesmos e aos ambientes onde ele convive – geralmente escolhidos por nós.
Se, ao contrário, não percebemos nada
demais e até nos orgulhamos nos enganos ao acreditar que suas “diabruras”
tratam-se de excesso de energia e saúde, então nós é que estamos precisando de
auxílio para o nosso egoísmo e irresponsável cegueira.
Em
contrapartida, o nosso exemplo, na tentativa de sermos melhores, já é muito na
educação do lar, mas não é tudo. Precisamos ter na cordialidade um sustentáculo
básico para a educação de nossos filhos. E essa é uma tarefa contínua, que
requer persistência e disciplina e, por vezes, chega a tornar-se cansativa,
mas, vale a pena. Nada adquirido sem esforço próprio tem real valor. E a
cordialidade é o primeiro portal para a verdadeira caridade.
Esforcemo-nos,
portanto, para que nossos filhos inciem-se na convivência fraterna, que só lhes
trará felicidade, através de pequenas palavras e gestos de cordialidade, tais
como: evitar gritos desnecessários, palavrões, bem como gestos grosseiros ou
obscenos; não interromper as conversas desnecessariamente; evitar mexer
indevidamente no que é alheio; não usar de maledicência; agradecer sempre
quando beneficiado por qualquer dádiva; respeitar os humildes e mais velhos;
dentre tantas outras atitudes que tenham como base a máxima espírita “Fazer e
desejar ao Outro o que desejaríamos que se fizesse ou desejasse a nós”.
Lembremos que liberdade excessiva é sinônima de libertinagem, bem como o
excesso de liberdade revela abandono e descaso. Toda criança ou adolescente
requer e pede limite, principalmente nos momentos de maior rebeldia, por isso
significar que alguém zela por ele e preocupa-se com o seu correto
encaminhamento na vida.
A boa educação,
portanto, não é sinônimo de repressão da espontaneidade, mas o redirecionamento
adequado de energias primitivas e inadequadas, transmutando-as em bens da alma,
na busca do próprio aperfeiçoamento.
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